Se fui feito pra vencer, por que não venço?

Tem ocorrido uma espécie de movimento que diz repetidamente “Você foi feito para vencer”.  E eu me pergunto: “Então, porque às vezes eu não venço?”

Por que não alcanço aquele cargo? Por que não consigo trabalhar menos? Por que minha equipe não funciona como eu gostaria?

Em princípio, creio que duas coisas estão ocorrendo: nosso conceito de sucesso ou de ser vencedor está equivocado e nossa atitude diante da vida é míope. 

Imaginem uma pessoa adulta, por exemplo, um artesão. Essa pessoa não conseguiu, até então, ter dinheiro para pagar aluguel de sua casa e nem mesmo casa tem; vive de doações dos amigos; é considerada pela população em geral como uma rebelde ou um louca pretensiosa. Essa pessoa pode ser considerada alguém de sucesso?

Se você disser que não, é preciso repensar. Estamos aqui falando do homem que tornou-se o maior de todos os protagonistas da história ocidental: Jesus. Com trinta e três anos de idade, ele era considerado absolutamente um pária da sociedade. As únicas pessoas que gostavam dele eram seus poucos discípulos. Ele não tinha dinheiro para viver, vivia do sustento dado por algumas mulheres. E morreu crucificado.

Van Gogh, Freud, Nietzsche ou Mozart são mais alguns exemplos de pessoas consideradas vencedoras mas que, se olharmos para dentro de suas jornadas de vida, veremos que viveram de forma totalmente diferente do conceito de sucesso pregado e vendido por aí.

Trago isso porque precisamos ter, sobre o sucesso, uma visão menos míope e mais clara:

“Sucesso, na verdade, é a capacidade que você tem de manter-se íntegro ao seu propósito, à sua natureza e à sua identidade. É seguir de forma determinadaconsciente e consistente seu projeto de vida, a razão pela qual você veio ao mundo, a razão pela qual você se torna inspirador.”

Neste vídeo, eu trago algumas provocações sobre o conceito de vencer e de sucesso.

 

Além disso, ao meu ver, existem pelo menos duas perspectivas erradas no modo de ser contemporâneo que contribuem para essa visão errônea sobre sucesso: o imediatismo e a descartabilidade.

 

Imediatismo

No imediatismo, perde-se a capacidade de esperar e constrói-se uma relação ansiosa com todas as coisas. Tudo começa a sofrer de uma imperiosa urgência que não respeita tempos, nem épocas. “Quero tudo agora e não sei esperar.”

“Quando não reconheço que aquilo que eu tenho hoje é fruto de um processo de escolhas que começou há vinte, trinta, quarenta anos, desenvolvo uma desastrosa ansiedade sobre tudo e todos”

Se fui feito para vencer, devo começar assumindo a responsabilidade sobre o que andei plantando nos últimos tempos.

Olhe para trás e pergunte-se sobre o que plantou, porque é isso que você está colhendo agora.

Olhe para a sua equipe, para a sua carreira e para a jornada que você tem feito na sua vida profissional. Olhe para a sua gestão.

Se você quer mudar alguma coisa, comece agora a plantar coisas novas. Daqui a algum tempo você vai colher os frutos.

As coisas não acontecem em função de nossa demanda imediata. Não é nossa ansiedade que faz as coisas acontecerem.

Entender isso é o primeiro passo para sermos, de fato, pessoas de sucesso e vencedores.

 

 

Descartabilidade

A descartabilidade é o princípio pelo qual eliminamos as coisas que já não nos são úteis; coisas que julgamos não darem mais os resultados que eu gostaria que elas dessem, sem nenhum esforço por restauração.

Aí jogo fora.

Por exemplo, antigamente, a gente botava meia-sola em sapato. Hoje, você não põe mais. Você joga o sapato fora e compra outro.

E nisso, a gente joga fora trabalhos, projetos, objetivos, colaboradores, relacionamentos. O que ou quem você tem jogado fora?

 

 

Doenças relacionais

Outro aspecto de “ser vencedor” está ligado à capacidade relacional. As doenças relacionais trazem em si, 3 elementos:

  • a tirania do fazer;
  • a angústia de ter;
  • a incapacidade de contemplar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Tem gente que trabalha dezoito horas por dia e não tem tempo para contemplar as coisas importantes da vida. Vive uma vida infernal, não tem agenda para absolutamente nada e diz que isso é uma vida de sucesso.

Não sabe delegar, não capacita outros, não confia e acha que o problema é falta de tempo.

“Tenho aprendido a ter uma agenda cheia de espaços vazios. Minha agenda é absolutamente lotada de espaços vazios. Eu digo para meus clientes que procuro ser desejável, e não disponível.”

 

Uma questão de sustentabilidade

Nós vencemos quando somos coerentes com o nosso propósito e entendemos que estamos num processo de melhoria contínua. Tendo clara sua missão e seu propósito, você precisa entender se eles são sustentáveis.

Pense nisto:

  1. O que mobiliza você a fazer o que faz?
  2. O que sustenta suas escolhas profissionais, relacionais e pessoais?

Por fim, quero terminar este artigo dizendo que ser vencedor significa vencer a si mesmo. Para isso é necessário responder uma pergunta:

Quem é o seu dono?

O desafio é fazer você rever seus conceitos sobre sucesso e fracasso sem definir o que é certo ou errado e, sim, o que é sustentável a partir de uma escolha que você faz de se colocar no mundo como ser protagonista da sua vida e inspirador para as pessoas ao seu redor.

Sugiro, ainda, outra leitura para melhorar suas reflexões sobre o tema: Inteligência Relacional

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