A pedra e o Anjo

Conta-se uma história interessante sobre Michelangelo. Dizem que o mestre do renascimento italiano andava pela cidade de Roma, seguido por alguns alunos. Ao passar…

A pedra e o Anjo

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Conta-se uma história interessante sobre Michelangelo. Dizem que o mestre do renascimento italiano andava pela cidade de Roma, seguido por alguns alunos. Ao passar por escombros, parou e lhes disse:…

A pedra e o Anjo

Conta-se uma história interessante sobre Michelangelo. Dizem que o mestre do renascimento italiano andava pela cidade de Roma, seguido por alguns alunos. Ao passar por escombros, parou e lhes disse:…

A pedra e o Anjo

Conta-se uma história interessante sobre Michelangelo. Dizem que o mestre do renascimento italiano andava pela cidade de Roma, seguido por alguns alunos. Ao passar por escombros, parou e lhes disse:…

A pedra e o Anjo

Conta-se uma história interessante sobre Michelangelo. Dizem que o mestre do renascimento italiano andava pela cidade de Roma, seguido por alguns alunos. Ao passar por escombros, parou e lhes disse: “Vejam, ali está um anjo!” Os discípulos, perplexos por nada verem, perguntaram ao mestre onde estava o anjo. Michelangelo respondeu:…

A pedra e o Anjo

Conta-se uma história interessante sobre Michelangelo. Dizem que o mestre do renascimento italiano andava pela cidade de Roma, seguido por alguns alunos. Ao passar por escombros, parou e lhes disse: “Vejam, ali está um anjo!” Os discípulos, perplexos por nada verem, perguntaram ao mestre onde estava o anjo. Michelangelo respondeu: “Está aprisionado naquele pedaço de mármore descartado. Basta tirar da pedra o excesso que ele aparece.” Entusiasmados, os discípulos ajudaram a levar a pedra para o ateliê e o observaram trabalhar intensamente. Ao fim de algumas semanas, lá estava o anjo.

Se a história é verdadeira ou não, pouco importa. O que importa é a lição que ela nos traz – de fato, a beleza se esconde. Para tê-la é necessário o exercício da arte, e arte é o que sustenta a educação, a pintura, a escultura, as relações pessoais – enfim, a vida.

Transformar tudo em arte – esse é o grande projeto dos relacionamentos humanos. Fazer da vida algo belo é o desafio maior. Criar a beleza é fruto da sabedoria. “E viu Deus que isso era bom”, ensinam as Escrituras sobre o ato criador. Trazer a beleza para fora, expô-la, nos faz seres encantados.

No entanto, transformar a vida em arte pressupõe certas habilidades que a história da pedra e do anjo parece nos revelar.

 

Primeiro: há que se ter uma atitude restauradora. Muito provavelmente Michelangelo nutria, todo o tempo, uma visão de mundo onde tudo pode ser construído, melhorado, embelezado – uma mente de artista. Uma pedra jogada fora é algo mais que simplesmente uma pedra jogada fora. Michelangelo era um edificador, alguém capaz de ver anjos onde outros só viam pedra. Alguém capaz de tirar beleza de pedaços desprezados. Nem sempre temos a visão de que as coisas podem ser construídas, restauradas, edificadas. Achamos mais fácil abandonar, jogar fora e comprar algo novo. Um aluno difícil, estigmatizado por colegas e professores, torna-se uma pedra jogada fora. Um relacionamento caracterizado por amarguras transforma os envolvidos em pedras desprezadas. Uma emoção mal dirigida inviabiliza muitas oportunidades.

Muitas vezes, diante de situações como essas, o que fazemos, no máximo, é colocá-las no lixo. É mais fácil abandonar algo que incomoda do que reconstruí-lo. Essa visão imediatista do mundo tira de nós a competência restauradora. O primeiro pensamento que deve nutrir nossas relações, mesmo nos momentos difíceis, é que tudo pode ser reconstruído. Nutrir pensamentos assim nos transforma em artistas.

 

Segundo: há que se ter visão de futuro. A incapacidade de ver o futuro torna nossas decisões expressões da ansiedade, faz de nossas opções um grandioso apelo ao aqui e agora, tira de nós a perspectiva do inefável.

O anjo esculpido por Michelangelo preservou a pedra que estava no lixo. A visão de futuro nos capacita a ter esperanças. Os olhos do futuro são menos imediatistas que os olhos do presente; eles nos fazem ver possibilidades que agora parecem apenas pedras jogadas no lixo.

Ver o futuro é sonhar com a possibilidade. A própria natureza humana ensina isso. Quando vejo uma mulher grávida, sempre penso: ali vai um extraordinário grito da esperança. Engravidar é ter visão de futuro, é construir a esperança. Aliás, certa vez escrevi um poema sobre isso: chama-se Natus est:

 

“Conceber a vida não é apenas engravidar;

É deixar-se fecundar de esperança

É replantar o futuro

É construir a eternidade.

 

É ser parceiro da ternura

É pintar uma lua

É andar descalça e nua

É ter o coração em festa.

 

Conceber a vida é mais que fazer nascer

É montar um amanhecer

Sol que aquece e ilumina

Orvalho que rega e alimenta

Que desperta e faz crescer.

 

Conceber a vida é morrer

É deixar-se consumir nesta paixão

É envolver o coração

É enxergar o que não se vê.”

 

Pensar em nossos atos como construções de futuro dá outro significado às coisas. Corrigir um filho, orientar um aluno, fazer uma promessa, declarar um amor, plantar uma árvore são atos capazes de configurar diversos futuros, conforme a natureza de nossa visão ou de nossos sonhos. Pensar em nós mesmos como construtores de futuro é elevar a vida ao mais alto padrão estabelecido por Deus. É ser capaz de enxergar o que não se vê.

 

Terceiro: é preciso conhecimento e estudo. Michelangelo estava preparado para esculpir, conhecia a técnica, exercitava-se nela. Quanto mais estudo, mais competência. A criação surge sempre de uma mente preparada. As oportunidades pousam em mentes abertas. A ideia de que algo possa acontecer sem preparação é uma ideia infantil e pouco prática. Na melhor das hipóteses, gera uma enorme frustração quando descobrimos que não percebemos as oportunidades porque não tínhamos distinções capazes de vê-las.

Nos dias de hoje, a quantidade de informação disponível e a dinâmica das relações fazem com que as possibilidades estejam presentes a todo tempo. Vê-las é um exercício da capacidade, da sensibilidade e de inspiração. No entanto, essas coisas não são frutos de processos misteriosos; são, isso sim, resultados de muita dedicação e aprendizagem. Existe por aí um universo a ser descoberto, muitos anjos a serem libertos, muitas pedras a esculpir. Mas uma das coisas que se requer para tal façanha é estarmos preparados para enfrentar as pedras e transformá-las em arte. Isso é fruto de trabalho, conhecimento e técnica.

As antenas captam sinais. No entanto, não há vantagem alguma em uma antena captar sinais fortes. Toda antena deve fazer isso. Boas antenas, por sua vez, captam sinais fracos. Aí está o diferencial. Ver o que todos veem nos faz iguais. Ver o que alguns veem nos faz menos gerais. Ver o que ninguém vê nos permite esculpir o futuro, construir uma nova história, criar possibilidades. Nada há que substitua o conhecimento, e não há conhe­cimento sem esforço.

 

Quarto: capacidade de contemplarMichelangelo andava pelas ruas de Roma com os olhos atentos. Olhos de quem sabe desfrutar o que vê. Nada passa despercebido a quem tem o coração preocupado em contemplar. “Olhai os lírios do campo”, dizia Jesus. Eles não tecem nem fiam; no entanto, nem Salomão se vestiu como eles. Contemplar é desenvolver a capacidade divina de ver que o que é bom.

“E viu Deus que isso era bom”. Creio que Deus fez as coisas, contemplou-as e só depois declarou que eram boas coisas. No entanto, quando acabou de fazer o homem e o contemplou, descobriu que faltava algo. “Não é bom que o homem esteja só.” Deus descobriu o que estava faltando porque contemplou o que fez. Na contemplação não só descubro a beleza, como também descubro o outro. Contemplar é investir tempo na descoberta do que me cerca para ser capaz de usufruir da beleza – alimento da alma. Contemplar é permitir que se desenvolva a generosidade e a gratidão. Quem não contempla não sabe o que agradecer. Quem não sabe agradecer ainda não aprendeu a contemplar. Olhem os lírios, olhem as nuvens, olhem uns aos outros, olhem a árvore sem folhas, olhem o jardim florido, olhem a dor e o sorriso, olhem a vida e a morte. Enxerguem o Pai. Olhem sem pressa e vejam que em tudo há beleza, mesmo nos escombros.

 

Quinto: trabalho, esforço, envolvimento e empenho. A beleza não se dá por acaso, é fruto de uma boa jornada de trabalho. “Doce é o sono do trabalhador”, declaram as Escrituras. Aquela pedra achada por Michelangelo e colocada no ateliê foi alvo de muito suor. Martelo, cinzel e muita força foram utilizados para desbastar o mármore. A construção da arte e da vida exige do artista trabalho e empenho. De início, golpes fortes, inserções profundas, instrumentos duros – depois, instrumentos finos, golpes mais delicados e precisos, e por fim polimento suave e gentil.

Na medida em que se cresce, refina-se o cuidado, aprofunda-se o sentido, imortaliza-se… Na vida também a coisa funciona assim. Nas diversas fases pelas quais passamos, necessitamos de instrumentos específicos para nos moldar e para sermos moldados.

No entanto, nada substitui o trabalho, o esforço pessoal e o envolvimento. Michelangelo envolveu-se com a obra, envolveu-se com a pedra, envolveu-se com o futuro. Uma das indicações mais objetivas da qualidade da vida relacional é perceber o quanto estamos envolvidos com nossos projetos de vida, e a quantos envolvemos, com quantos nos relacionamos. Aqui está uma das grandes funções da comunidade e da amizade. “Não deixemos nossa congregação como fazem alguns”, ensina a carta aos hebreus. É triste estar só. A beleza e a arte de viver bem não são atributos da sorte nem das facilidades almejadas por nossas ilusões. Antes de tudo, são construções que, para terem consistência, para se tornarem em anjo, devem ser lavradas a partir do duro mármore.

A vida nos coloca em situações diversas, como colocou aquela pedra no caminho de Michelangelo. Trabalhar as situações com coragem e determinação faz de nós pessoas mais inteiras, mais resistentes às intempéries, menos volúveis e mais livres. Acima de tudo, pessoas que conseguem fazer anjos a partir de pedras.

Por fim, há uma habilidade ensinada pelo próprio mármore – há que se deixar moldar. O mármore se permite esculpir. Resiste, é fato. Mas também se entrega ao cuidado do artista. Submete-se ao ato criador de outrem, admite que a beleza precisa de um outro para elaborá-la a partir dos elementos com os quais se relaciona.

Somos esculturas e escultores, simultaneamente. Interferimos na vida uns dos outros, conscientemente ou não. Às vezes cinzelamos com força, ferimos muito; outras somos negligentes, deixamos de cuidar dos detalhes. Mas o que importa sempre é descobrir que podemos cuidar do outro. É mister descobrir o outro como uma possibilidade. O modo como fazemos isso faz toda a diferença. Somos treinados para ser escultores; falta-nos mansidão para sermos esculpidos. A paixão de Cristo, tão bem retratada pelo filme de Gibson, é, talvez, o mais eloquente de todos os apelos a esse princípio. Não vivemos como queremos, mas vivemos a partir do que tornamos possível ou do que aprendemos a admitir como possível. Vivemos na dimensão relacional.

Assim conta-se a história do anjo e da pedra. Nada é tão resistente e tão dócil como esses dois seres. Nada é mais verdadeiro que as lições que inspiram.

Quando estava na Espanha, fui visitar o museu da rainha Sofia. Lá havia uma exposição de instalações. Após visitar vários salões, um chamou-me a atenção em particular. Era uma instalação feita com papel higiênico, tinta e resina: linda, etérea, diferente, serena. O folheto explicativo dizia: “Valor do material: quinhentos euros: valor da obra – um milhão de euros.” Que coisa extraordinária! Não importa o material que se tem, tudo pode ser transformado em arte quando a genialidade criativa e a honestidade relacional estão postas a serviço da beleza.

Você pode encontrar mais histórias como essa no meu livro “A Branca de Neve e os Sistemas Gerenciais”, adquira agora!

Sou o novo chefe: como conquistar a confiança da equipe?

De repente, você foi designado para liderar um grupo ou assumiu uma posição de gestão de um setor. As pessoas que lá estavam, não escolheram você. Por outro lado, elas também não foram escolhidas por você. E agora, como conquistar a confiança dessa equipe?
Essa situação me tem sido proposta por muitos de meus clientes. Se por um lado, o fenômeno é corriqueiro, por outro, as respostas não estão em nenhum manual.
Portanto, quero apresentar a você o que tenho feito em função dos resultados que se tem obtido para tais situações. Vamos lá.

EQUIPES RESISTENTES

Do ponto de vista conceitual, precisamos entender que o que acontece num caso como esse é explicado por aquilo que costumo chamar de “geopolítica”; ou seja, o poder em função do espaço.
Os seres humanos são seres territoriais. Isso quer dizer que nosso território é parte de nossa identidade.
Não estou falando apenas do espaço físico, mas também do espaço relacional. Os grupos, times, equipes etc. têm a tendência natural de ver as relações internas como espaços onde o poder se equilibra para  integrar a identidade das pessoas que compõem aquele grupo.
Então, quando alguém “cai de paraquedas” no grupo, a tendência natural das pessoas é se defenderem do “estranho”. As pessoas resistem a quem está chegando nessas condições.
Existem muitos outras razões para essa resistência, mas uma, muito comum, decorre do fato de que o grupo costuma legitimar sua identidade a partir da historicidade.
Quanto mais histórias temos juntos, mais somos parte uns dos outros. Aí, chega alguém que não faz parte dessa história… “Chega depois que o trem partiu e quer sentar na janela? Não vai rolar…”

3 PILARES DA CONFIANÇA

A questão que está sustentando a resistência do grupo, no fundo, é a desconfiança que se tem em relação ao “novato”. Para se enfrentar isso e construir (ou reconstruir) a confiança, é fundamental que aquele que chega na condição de novo gestor seja capaz de discernir três elementos: a sinceridade, a competência e a responsabilidade.
  1. Sinceridade
O grupo espera que o “chegante” tenha um atitude sincera; que seja capaz de expressar de modo honesto e gentil as suas próprias dificuldades. 
A sinceridade, só para deixar claro, não é “dizer o que pensa”. Antes, é ser capaz de expor seus sentimentos numa emocionalidade que possibilite que os outros o escutem a partir de um desejo honesto de honrar o grupo e de oferecer-se como possibilidade.
Essa atitude sincera, normalmente neutraliza a prepotência, a arrogância e cria um espaço relacional onde é possível começar uma nova forma ou possibilidade de caminhar.
  1.  Competência
 O grupo espera evidências claras de que você é capaz de fazer o que diz com objetividade técnica e relacional a partir de altos critérios de qualidade. 
Normalmente, os grupos tendem a valorizar quem acrescenta e contribui a partir de diferenciais de competência. Mas, se isso não é um atributo seu, naquela circunstância, lembre-se de que a “capacidade de aprender” é um dos traços de identidade de líderes e gestores de alto desempenho.
  1.  Responsabilidade
O grupo espera que o líder não terceirize as coisas. Ter responsabilidade é assumir o que diz, pensa e faz, sem rodeios. Quando o líder ou gestor atua a partir da responsabilidade, os “seguidores” se sentem protegidos e representados por aquele que os representa.
Então, agir com responsabilidade é minimizar as explicações e justificativas, e maximizar os resultados coletivos. Se deu certo foi o grupo, se deu errado eu (como líder) assumo.
“O  sucesso é sempre resultado do time e, os erros, responsabilidade do líder.” Peter Drucker
Esses três elementos criam no grupo o senso de “organismo”, ou de sistema orgânico. As pessoas passam a atuar constituindo-se como um “ser vivo” em plena interação com o meio, sendo capaz de integrar tudo aquilo que os torna mais efetivos e plenos.
Esses três elementos também são a base da confiança. Portanto, você se torna confiável quando evidencia, em seu modo da ser e agir, a sinceridade, a competência e a responsabilidade.
Neste vídeo, eu trago mais elementos sobre o assunto:

UMA QUESTÃO DE TEMPO

É claro que esse processo não é automático e nem imediato. É necessário ter um tempo vivencial com o novo grupo para que ele perceba o modo coerente como você se conduz em suas relações com ele.
O desafio é: seja confiável e coerente, e permita que sua sinceridade, competência e responsabilidade façam o trabalho de lhe dar a autoridade e o respeito que você merece. 
Essa tem sido a forma que muitos de meus clientes têm conseguido resolver a questão de assumir equipes que não foram escolhidas por eles. Espero também ter ajudado você.

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Conta-se uma história interessante sobre Michelangelo. Dizem que o mestre do renascimento italiano andava pela cidade de Roma, seguido por alguns alunos. Ao passar por escombros, parou e lhes disse: “Vejam, ali está um anjo!” Os discípulos, perplexos por nada verem, perguntaram ao mestre onde estava o anjo. Michelangelo respondeu: “Está aprisionado naquele pedaço de mármore descartado. Basta tirar da pedra o excesso que ele aparece.” Entusiasmados, os discípulos ajudaram a levar a pedra para o ateliê e o observaram trabalhar intensamente. Ao fim de algumas semanas, lá estava o anjo.

Se a história é verdadeira ou não, pouco importa. O que importa é a lição que ela nos traz – de fato, a beleza se esconde. Para tê-la é necessário o exercício da arte, e arte é o que sustenta a educação, a pintura, a escultura, as relações pessoais – enfim, a vida.

Transformar tudo em arte – esse é o grande projeto dos relacionamentos humanos. Fazer da vida algo belo é o desafio maior. Criar a beleza é fruto da sabedoria. “E viu Deus que isso era bom”, ensinam as Escrituras sobre o ato criador. Trazer a beleza para fora, expô-la, nos faz seres encantados.

No entanto, transformar a vida em arte pressupõe certas habilidades que a história da pedra e do anjo parece nos revelar.

 

Primeiro: há que se ter uma atitude restauradora. Muito provavelmente Michelangelo nutria, todo o tempo, uma visão de mundo onde tudo pode ser construído, melhorado, embelezado – uma mente de artista. Uma pedra jogada fora é algo mais que simplesmente uma pedra jogada fora. Michelangelo era um edificador, alguém capaz de ver anjos onde outros só viam pedra. Alguém capaz de tirar beleza de pedaços desprezados. Nem sempre temos a visão de que as coisas podem ser construídas, restauradas, edificadas. Achamos mais fácil abandonar, jogar fora e comprar algo novo. Um aluno difícil, estigmatizado por colegas e professores, torna-se uma pedra jogada fora. Um relacionamento caracterizado por amarguras transforma os envolvidos em pedras desprezadas. Uma emoção mal dirigida inviabiliza muitas oportunidades.

Muitas vezes, diante de situações como essas, o que fazemos, no máximo, é colocá-las no lixo. É mais fácil abandonar algo que incomoda do que reconstruí-lo. Essa visão imediatista do mundo tira de nós a competência restauradora. O primeiro pensamento que deve nutrir nossas relações, mesmo nos momentos difíceis, é que tudo pode ser reconstruído. Nutrir pensamentos assim nos transforma em artistas.

 

Segundo: há que se ter visão de futuro. A incapacidade de ver o futuro torna nossas decisões expressões da ansiedade, faz de nossas opções um grandioso apelo ao aqui e agora, tira de nós a perspectiva do inefável.

O anjo esculpido por Michelangelo preservou a pedra que estava no lixo. A visão de futuro nos capacita a ter esperanças. Os olhos do futuro são menos imediatistas que os olhos do presente; eles nos fazem ver possibilidades que agora parecem apenas pedras jogadas no lixo.

Ver o futuro é sonhar com a possibilidade. A própria natureza humana ensina isso. Quando vejo uma mulher grávida, sempre penso: ali vai um extraordinário grito da esperança. Engravidar é ter visão de futuro, é construir a esperança. Aliás, certa vez escrevi um poema sobre isso: chama-se Natus est:

 

“Conceber a vida não é apenas engravidar;

É deixar-se fecundar de esperança

É replantar o futuro

É construir a eternidade.

 

É ser parceiro da ternura

É pintar uma lua

É andar descalça e nua

É ter o coração em festa.

 

Conceber a vida é mais que fazer nascer

É montar um amanhecer

Sol que aquece e ilumina

Orvalho que rega e alimenta

Que desperta e faz crescer.

 

Conceber a vida é morrer

É deixar-se consumir nesta paixão

É envolver o coração

É enxergar o que não se vê.”

 

Pensar em nossos atos como construções de futuro dá outro significado às coisas. Corrigir um filho, orientar um aluno, fazer uma promessa, declarar um amor, plantar uma árvore são atos capazes de configurar diversos futuros, conforme a natureza de nossa visão ou de nossos sonhos. Pensar em nós mesmos como construtores de futuro é elevar a vida ao mais alto padrão estabelecido por Deus. É ser capaz de enxergar o que não se vê.

 

Terceiro: é preciso conhecimento e estudo. Michelangelo estava preparado para esculpir, conhecia a técnica, exercitava-se nela. Quanto mais estudo, mais competência. A criação surge sempre de uma mente preparada. As oportunidades pousam em mentes abertas. A ideia de que algo possa acontecer sem preparação é uma ideia infantil e pouco prática. Na melhor das hipóteses, gera uma enorme frustração quando descobrimos que não percebemos as oportunidades porque não tínhamos distinções capazes de vê-las.

Nos dias de hoje, a quantidade de informação disponível e a dinâmica das relações fazem com que as possibilidades estejam presentes a todo tempo. Vê-las é um exercício da capacidade, da sensibilidade e de inspiração. No entanto, essas coisas não são frutos de processos misteriosos; são, isso sim, resultados de muita dedicação e aprendizagem. Existe por aí um universo a ser descoberto, muitos anjos a serem libertos, muitas pedras a esculpir. Mas uma das coisas que se requer para tal façanha é estarmos preparados para enfrentar as pedras e transformá-las em arte. Isso é fruto de trabalho, conhecimento e técnica.

As antenas captam sinais. No entanto, não há vantagem alguma em uma antena captar sinais fortes. Toda antena deve fazer isso. Boas antenas, por sua vez, captam sinais fracos. Aí está o diferencial. Ver o que todos veem nos faz iguais. Ver o que alguns veem nos faz menos gerais. Ver o que ninguém vê nos permite esculpir o futuro, construir uma nova história, criar possibilidades. Nada há que substitua o conhecimento, e não há conhe­cimento sem esforço.

 

Quarto: capacidade de contemplarMichelangelo andava pelas ruas de Roma com os olhos atentos. Olhos de quem sabe desfrutar o que vê. Nada passa despercebido a quem tem o coração preocupado em contemplar. “Olhai os lírios do campo”, dizia Jesus. Eles não tecem nem fiam; no entanto, nem Salomão se vestiu como eles. Contemplar é desenvolver a capacidade divina de ver que o que é bom.

“E viu Deus que isso era bom”. Creio que Deus fez as coisas, contemplou-as e só depois declarou que eram boas coisas. No entanto, quando acabou de fazer o homem e o contemplou, descobriu que faltava algo. “Não é bom que o homem esteja só.” Deus descobriu o que estava faltando porque contemplou o que fez. Na contemplação não só descubro a beleza, como também descubro o outro. Contemplar é investir tempo na descoberta do que me cerca para ser capaz de usufruir da beleza – alimento da alma. Contemplar é permitir que se desenvolva a generosidade e a gratidão. Quem não contempla não sabe o que agradecer. Quem não sabe agradecer ainda não aprendeu a contemplar. Olhem os lírios, olhem as nuvens, olhem uns aos outros, olhem a árvore sem folhas, olhem o jardim florido, olhem a dor e o sorriso, olhem a vida e a morte. Enxerguem o Pai. Olhem sem pressa e vejam que em tudo há beleza, mesmo nos escombros.

 

Quinto: trabalho, esforço, envolvimento e empenho. A beleza não se dá por acaso, é fruto de uma boa jornada de trabalho. “Doce é o sono do trabalhador”, declaram as Escrituras. Aquela pedra achada por Michelangelo e colocada no ateliê foi alvo de muito suor. Martelo, cinzel e muita força foram utilizados para desbastar o mármore. A construção da arte e da vida exige do artista trabalho e empenho. De início, golpes fortes, inserções profundas, instrumentos duros – depois, instrumentos finos, golpes mais delicados e precisos, e por fim polimento suave e gentil.

Na medida em que se cresce, refina-se o cuidado, aprofunda-se o sentido, imortaliza-se… Na vida também a coisa funciona assim. Nas diversas fases pelas quais passamos, necessitamos de instrumentos específicos para nos moldar e para sermos moldados.

No entanto, nada substitui o trabalho, o esforço pessoal e o envolvimento. Michelangelo envolveu-se com a obra, envolveu-se com a pedra, envolveu-se com o futuro. Uma das indicações mais objetivas da qualidade da vida relacional é perceber o quanto estamos envolvidos com nossos projetos de vida, e a quantos envolvemos, com quantos nos relacionamos. Aqui está uma das grandes funções da comunidade e da amizade. “Não deixemos nossa congregação como fazem alguns”, ensina a carta aos hebreus. É triste estar só. A beleza e a arte de viver bem não são atributos da sorte nem das facilidades almejadas por nossas ilusões. Antes de tudo, são construções que, para terem consistência, para se tornarem em anjo, devem ser lavradas a partir do duro mármore.

A vida nos coloca em situações diversas, como colocou aquela pedra no caminho de Michelangelo. Trabalhar as situações com coragem e determinação faz de nós pessoas mais inteiras, mais resistentes às intempéries, menos volúveis e mais livres. Acima de tudo, pessoas que conseguem fazer anjos a partir de pedras.

Por fim, há uma habilidade ensinada pelo próprio mármore – há que se deixar moldar. O mármore se permite esculpir. Resiste, é fato. Mas também se entrega ao cuidado do artista. Submete-se ao ato criador de outrem, admite que a beleza precisa de um outro para elaborá-la a partir dos elementos com os quais se relaciona.

Somos esculturas e escultores, simultaneamente. Interferimos na vida uns dos outros, conscientemente ou não. Às vezes cinzelamos com força, ferimos muito; outras somos negligentes, deixamos de cuidar dos detalhes. Mas o que importa sempre é descobrir que podemos cuidar do outro. É mister descobrir o outro como uma possibilidade. O modo como fazemos isso faz toda a diferença. Somos treinados para ser escultores; falta-nos mansidão para sermos esculpidos. A paixão de Cristo, tão bem retratada pelo filme de Gibson, é, talvez, o mais eloquente de todos os apelos a esse princípio. Não vivemos como queremos, mas vivemos a partir do que tornamos possível ou do que aprendemos a admitir como possível. Vivemos na dimensão relacional.

Assim conta-se a história do anjo e da pedra. Nada é tão resistente e tão dócil como esses dois seres. Nada é mais verdadeiro que as lições que inspiram.

Quando estava na Espanha, fui visitar o museu da rainha Sofia. Lá havia uma exposição de instalações. Após visitar vários salões, um chamou-me a atenção em particular. Era uma instalação feita com papel higiênico, tinta e resina: linda, etérea, diferente, serena. O folheto explicativo dizia: “Valor do material: quinhentos euros: valor da obra – um milhão de euros.” Que coisa extraordinária! Não importa o material que se tem, tudo pode ser transformado em arte quando a genialidade criativa e a honestidade relacional estão postas a serviço da beleza.

Você pode encontrar mais histórias como essa no meu livro “A Branca de Neve e os Sistemas Gerenciais”, adquira agora!

De repente, você foi designado para liderar um grupo ou assumiu uma posição de gestão de um setor. As pessoas que lá estavam, não escolheram você. Por outro lado, elas também não foram escolhidas por você. E agora, como conquistar a confiança dessa equipe?
Essa situação me tem sido proposta por muitos de meus clientes. Se por um lado, o fenômeno é corriqueiro, por outro, as respostas não estão em nenhum manual.
Portanto, quero apresentar a você o que tenho feito em função dos resultados que se tem obtido para tais situações. Vamos lá.

EQUIPES RESISTENTES

Do ponto de vista conceitual, precisamos entender que o que acontece num caso como esse é explicado por aquilo que costumo chamar de “geopolítica”; ou seja, o poder em função do espaço.
Os seres humanos são seres territoriais. Isso quer dizer que nosso território é parte de nossa identidade.
Não estou falando apenas do espaço físico, mas também do espaço relacional. Os grupos, times, equipes etc. têm a tendência natural de ver as relações internas como espaços onde o poder se equilibra para  integrar a identidade das pessoas que compõem aquele grupo.
Então, quando alguém “cai de paraquedas” no grupo, a tendência natural das pessoas é se defenderem do “estranho”. As pessoas resistem a quem está chegando nessas condições.
Existem muitos outras razões para essa resistência, mas uma, muito comum, decorre do fato de que o grupo costuma legitimar sua identidade a partir da historicidade.
Quanto mais histórias temos juntos, mais somos parte uns dos outros. Aí, chega alguém que não faz parte dessa história… “Chega depois que o trem partiu e quer sentar na janela? Não vai rolar…”

3 PILARES DA CONFIANÇA

A questão que está sustentando a resistência do grupo, no fundo, é a desconfiança que se tem em relação ao “novato”. Para se enfrentar isso e construir (ou reconstruir) a confiança, é fundamental que aquele que chega na condição de novo gestor seja capaz de discernir três elementos: a sinceridade, a competência e a responsabilidade.
  1. Sinceridade
O grupo espera que o “chegante” tenha um atitude sincera; que seja capaz de expressar de modo honesto e gentil as suas próprias dificuldades. 
A sinceridade, só para deixar claro, não é “dizer o que pensa”. Antes, é ser capaz de expor seus sentimentos numa emocionalidade que possibilite que os outros o escutem a partir de um desejo honesto de honrar o grupo e de oferecer-se como possibilidade.
Essa atitude sincera, normalmente neutraliza a prepotência, a arrogância e cria um espaço relacional onde é possível começar uma nova forma ou possibilidade de caminhar.
  1.  Competência
 O grupo espera evidências claras de que você é capaz de fazer o que diz com objetividade técnica e relacional a partir de altos critérios de qualidade. 
Normalmente, os grupos tendem a valorizar quem acrescenta e contribui a partir de diferenciais de competência. Mas, se isso não é um atributo seu, naquela circunstância, lembre-se de que a “capacidade de aprender” é um dos traços de identidade de líderes e gestores de alto desempenho.
  1.  Responsabilidade
O grupo espera que o líder não terceirize as coisas. Ter responsabilidade é assumir o que diz, pensa e faz, sem rodeios. Quando o líder ou gestor atua a partir da responsabilidade, os “seguidores” se sentem protegidos e representados por aquele que os representa.
Então, agir com responsabilidade é minimizar as explicações e justificativas, e maximizar os resultados coletivos. Se deu certo foi o grupo, se deu errado eu (como líder) assumo.
“O  sucesso é sempre resultado do time e, os erros, responsabilidade do líder.” Peter Drucker
Esses três elementos criam no grupo o senso de “organismo”, ou de sistema orgânico. As pessoas passam a atuar constituindo-se como um “ser vivo” em plena interação com o meio, sendo capaz de integrar tudo aquilo que os torna mais efetivos e plenos.
Esses três elementos também são a base da confiança. Portanto, você se torna confiável quando evidencia, em seu modo da ser e agir, a sinceridade, a competência e a responsabilidade.
Neste vídeo, eu trago mais elementos sobre o assunto:

UMA QUESTÃO DE TEMPO

É claro que esse processo não é automático e nem imediato. É necessário ter um tempo vivencial com o novo grupo para que ele perceba o modo coerente como você se conduz em suas relações com ele.
O desafio é: seja confiável e coerente, e permita que sua sinceridade, competência e responsabilidade façam o trabalho de lhe dar a autoridade e o respeito que você merece. 
Essa tem sido a forma que muitos de meus clientes têm conseguido resolver a questão de assumir equipes que não foram escolhidas por eles. Espero também ter ajudado você.

Dia desses visitava um cliente. Enquanto o aguardava fiquei na sala de espera observando a dinâmica dos colaboradores daquela empresa. Atento às falas, aos movimentos e comportamentos dos profissionais dali, pude observar algo que sempre me chama a atenção: o clima organizacional.

 

Segundo o Portal RH (http://www.rhportal.com.br/artigos), Clima Organizacional é o conjunto de propriedades mensuráveis do ambiente de trabalho percebido, direta ou indiretamente pelos indivíduos que vivem e trabalham neste ambiente e que influencia a motivação, o comportamento, a produtividade e os relacionamentos dessas pessoas.

 

Do ponto de vista organizacional, clima é o indicador de satisfação dos membros de um sistema produtivo qualquer, em relação aos diferentes aspectos da cultura ou realidade aparente desse sistema, tais como: políticas de RH, modelo de gestão, processos de comunicação, valorização profissional e identificação com a empresa e relacionamentos.

 

A organização e as condições de trabalho, bem como as relações entre os colaboradores condicionam em grande parte a qualidade da vida e os resultados corporativos. Construir um clima propício para o trabalho e a convivência em grupo é estar contribuindo no desenvolvimento concreto e pessoal de todos os elementos fundamentais que nos fazem seres humanos: autonomia, legitimidade, diferenças e liberdade, tanto no domínio individual como social.

 

No tempo em que fiquei esperando meu cliente, observei um elevado grau de ansiedade das pessoas, instabilidade de humor, relacionamentos indelicados, muita movimentação, muito individualismo e pouco resultado. As pessoas cumpriam seu papel no trabalho como se aquilo fosse um fardo bastante pesado. Era visível a enorme quantidade de energia usada para manter as coisas mais ou menos sob controle, desviando-as dos fatores produtivos e relacionais realmente necessários.

 

Pois bem, para se melhorar o clima organizacional é necessário entender um pouco mais fundo a questão dos relacionamentos humanos.

 

As relações entre pessoas nos sistemas organizados ocorrem a partir de dois movimentos: vertical e horizontal.

 

O movimento vertical se caracteriza pelas relações hierárquicas. Tradicionalmente tal movimento era construído por ações desumanas e unilaterais, onde predominava

os desmandos, a manipulação pelo medo, a competitividade entre colegas e a insegurança entre as pessoas. Com a humanização dos processos gerenciais e a reorganização do trabalho, novas características foram incorporadas a esse movimento: qualificação, polifuncionalidade, visão sistêmica do processo produtivo, rotação das tarefas, autonomia, flexibilização e harmonia relacional.

 

A tendência, hoje, observada em organizações de alto desempenho, é ter colaboradores com maior escolaridade, competência, eficiência, espírito competitivo, criatividade, qualificação e empregabilidade. Tal política, no entanto, visa um melhor ambiente e uma maior produção, obtida antes, pela eficiência e pelo trabalho intelectual do que pelo excesso do esforço físico. Isso inclui agilidade das empresas diante do mercado, sem perder a noção de qualidade relacional que deve ser a tônica do clima onde se realiza o trabalho.

 

Significa também, atender às demandas do mercado, o que leva os profissionais a terem que se adaptar e aceitar as constantes mudanças e novas exigências das políticas competitivas no mercado global, bem como construir relações internas que promovam a saúde e a qualidade de vida. Manter essa equidade é, hoje, sinônimo de eficiência.

 

O fenômeno horizontal está relacionado à pressão para produção. Tradicionalmente isso era feito, devido à instabilidade do mercado, a partir do medo que a perda do emprego gerava e as poucas alternativas formais que se tinha até então de manter-se empregado. O enraizamento e a disseminação do medo no ambiente de trabalho criavam possibilidades de atos individualistas e tolerância às práticas autoritárias que sustentavam a cultura da subserviência. No entanto, esse fato, hoje, está mudando. A estabilidade econômica, o espaço para o empreendedorismo e as conquistas trabalhistas, já não permite mais a gestão organizacional a partir da cultura do medo.

 

Algumas organizações que ainda atuam com esse clima, fatalmente irão descobrir, mais cedo do que pensam o alto custo em manter tal cultura. Atuar a partir de autoritarismo, estimular a competição sistemática entre colegas, incentivar a indiferença ao outro e explorar os profissionais até o limite da sanidade relacional, é uma das formas mais efetivas de aumentar custos, perder clientes e sair do mercado.

 

Este fenômeno provoca o rompimento dos laços afetivos entre os pares, aumento do individualismo e instauração do ‘pacto do silêncio’, com também o ‘pacto da mediocridade’. As consequências mais comuns são: relações afetivas frias e endurecidas, comprometimento da saúde, da identidade e da dignidade, sentimento de inutilidade, descontentamento e falta de prazer no trabalho, aumento do absenteísmo e diminuição da produtividade.

 

Construir ambientes de trabalho e convivência cujo clima seja saudável é uma questão de retorno à humanidade. É valorizar o que nos constituiu como seres humanos, é primar pela qualidade de vida e pela vida de qualidade, antes de qualquer valor econômico por si mesmo.

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Desenvolvemos uma ferramenta online para avaliarmos as 5 dimensões da cultura da sua empresa/organização.

 

O Exame da Cultura Organizacional foi desenvolvido para identificar os ambientes que compõem a cultura de uma dada organização e como tais ambientes se relacionam com seus resultados, ajudando o gestor a tomar as melhores decisões para promover o desenvolvimento organizacional.

 

Clique aqui para obter um acesso gratuito ao exame. Exame da Cultura da Organização – Homero Reis

Conta-se uma história interessante sobre Michelangelo. Dizem que o mestre do renascimento italiano andava pela cidade de Roma, seguido por alguns alunos. Ao passar por escombros, parou e lhes disse: “Vejam, ali está um anjo!” Os discípulos, perplexos por nada verem, perguntaram ao mestre onde estava o anjo. Michelangelo respondeu: “Está aprisionado naquele pedaço de mármore descartado. Basta tirar da pedra o excesso que ele aparece.” Entusiasmados, os discípulos ajudaram a levar a pedra para o ateliê e o observaram trabalhar intensamente. Ao fim de algumas semanas, lá estava o anjo.

Se a história é verdadeira ou não, pouco importa. O que importa é a lição que ela nos traz – de fato, a beleza se esconde. Para tê-la é necessário o exercício da arte, e arte é o que sustenta a educação, a pintura, a escultura, as relações pessoais – enfim, a vida.

Transformar tudo em arte – esse é o grande projeto dos relacionamentos humanos. Fazer da vida algo belo é o desafio maior. Criar a beleza é fruto da sabedoria. “E viu Deus que isso era bom”, ensinam as Escrituras sobre o ato criador. Trazer a beleza para fora, expô-la, nos faz seres encantados.

No entanto, transformar a vida em arte pressupõe certas habilidades que a história da pedra e do anjo parece nos revelar.

 

Primeiro: há que se ter uma atitude restauradora. Muito provavelmente Michelangelo nutria, todo o tempo, uma visão de mundo onde tudo pode ser construído, melhorado, embelezado – uma mente de artista. Uma pedra jogada fora é algo mais que simplesmente uma pedra jogada fora. Michelangelo era um edificador, alguém capaz de ver anjos onde outros só viam pedra. Alguém capaz de tirar beleza de pedaços desprezados. Nem sempre temos a visão de que as coisas podem ser construídas, restauradas, edificadas. Achamos mais fácil abandonar, jogar fora e comprar algo novo. Um aluno difícil, estigmatizado por colegas e professores, torna-se uma pedra jogada fora. Um relacionamento caracterizado por amarguras transforma os envolvidos em pedras desprezadas. Uma emoção mal dirigida inviabiliza muitas oportunidades.

Muitas vezes, diante de situações como essas, o que fazemos, no máximo, é colocá-las no lixo. É mais fácil abandonar algo que incomoda do que reconstruí-lo. Essa visão imediatista do mundo tira de nós a competência restauradora. O primeiro pensamento que deve nutrir nossas relações, mesmo nos momentos difíceis, é que tudo pode ser reconstruído. Nutrir pensamentos assim nos transforma em artistas.

 

Segundo: há que se ter visão de futuro. A incapacidade de ver o futuro torna nossas decisões expressões da ansiedade, faz de nossas opções um grandioso apelo ao aqui e agora, tira de nós a perspectiva do inefável.

O anjo esculpido por Michelangelo preservou a pedra que estava no lixo. A visão de futuro nos capacita a ter esperanças. Os olhos do futuro são menos imediatistas que os olhos do presente; eles nos fazem ver possibilidades que agora parecem apenas pedras jogadas no lixo.

Ver o futuro é sonhar com a possibilidade. A própria natureza humana ensina isso. Quando vejo uma mulher grávida, sempre penso: ali vai um extraordinário grito da esperança. Engravidar é ter visão de futuro, é construir a esperança. Aliás, certa vez escrevi um poema sobre isso: chama-se Natus est:

 

“Conceber a vida não é apenas engravidar;

É deixar-se fecundar de esperança

É replantar o futuro

É construir a eternidade.

 

É ser parceiro da ternura

É pintar uma lua

É andar descalça e nua

É ter o coração em festa.

 

Conceber a vida é mais que fazer nascer

É montar um amanhecer

Sol que aquece e ilumina

Orvalho que rega e alimenta

Que desperta e faz crescer.

 

Conceber a vida é morrer

É deixar-se consumir nesta paixão

É envolver o coração

É enxergar o que não se vê.”

 

Pensar em nossos atos como construções de futuro dá outro significado às coisas. Corrigir um filho, orientar um aluno, fazer uma promessa, declarar um amor, plantar uma árvore são atos capazes de configurar diversos futuros, conforme a natureza de nossa visão ou de nossos sonhos. Pensar em nós mesmos como construtores de futuro é elevar a vida ao mais alto padrão estabelecido por Deus. É ser capaz de enxergar o que não se vê.

 

Terceiro: é preciso conhecimento e estudo. Michelangelo estava preparado para esculpir, conhecia a técnica, exercitava-se nela. Quanto mais estudo, mais competência. A criação surge sempre de uma mente preparada. As oportunidades pousam em mentes abertas. A ideia de que algo possa acontecer sem preparação é uma ideia infantil e pouco prática. Na melhor das hipóteses, gera uma enorme frustração quando descobrimos que não percebemos as oportunidades porque não tínhamos distinções capazes de vê-las.

Nos dias de hoje, a quantidade de informação disponível e a dinâmica das relações fazem com que as possibilidades estejam presentes a todo tempo. Vê-las é um exercício da capacidade, da sensibilidade e de inspiração. No entanto, essas coisas não são frutos de processos misteriosos; são, isso sim, resultados de muita dedicação e aprendizagem. Existe por aí um universo a ser descoberto, muitos anjos a serem libertos, muitas pedras a esculpir. Mas uma das coisas que se requer para tal façanha é estarmos preparados para enfrentar as pedras e transformá-las em arte. Isso é fruto de trabalho, conhecimento e técnica.

As antenas captam sinais. No entanto, não há vantagem alguma em uma antena captar sinais fortes. Toda antena deve fazer isso. Boas antenas, por sua vez, captam sinais fracos. Aí está o diferencial. Ver o que todos veem nos faz iguais. Ver o que alguns veem nos faz menos gerais. Ver o que ninguém vê nos permite esculpir o futuro, construir uma nova história, criar possibilidades. Nada há que substitua o conhecimento, e não há conhe­cimento sem esforço.

 

Quarto: capacidade de contemplarMichelangelo andava pelas ruas de Roma com os olhos atentos. Olhos de quem sabe desfrutar o que vê. Nada passa despercebido a quem tem o coração preocupado em contemplar. “Olhai os lírios do campo”, dizia Jesus. Eles não tecem nem fiam; no entanto, nem Salomão se vestiu como eles. Contemplar é desenvolver a capacidade divina de ver que o que é bom.

“E viu Deus que isso era bom”. Creio que Deus fez as coisas, contemplou-as e só depois declarou que eram boas coisas. No entanto, quando acabou de fazer o homem e o contemplou, descobriu que faltava algo. “Não é bom que o homem esteja só.” Deus descobriu o que estava faltando porque contemplou o que fez. Na contemplação não só descubro a beleza, como também descubro o outro. Contemplar é investir tempo na descoberta do que me cerca para ser capaz de usufruir da beleza – alimento da alma. Contemplar é permitir que se desenvolva a generosidade e a gratidão. Quem não contempla não sabe o que agradecer. Quem não sabe agradecer ainda não aprendeu a contemplar. Olhem os lírios, olhem as nuvens, olhem uns aos outros, olhem a árvore sem folhas, olhem o jardim florido, olhem a dor e o sorriso, olhem a vida e a morte. Enxerguem o Pai. Olhem sem pressa e vejam que em tudo há beleza, mesmo nos escombros.

 

Quinto: trabalho, esforço, envolvimento e empenho. A beleza não se dá por acaso, é fruto de uma boa jornada de trabalho. “Doce é o sono do trabalhador”, declaram as Escrituras. Aquela pedra achada por Michelangelo e colocada no ateliê foi alvo de muito suor. Martelo, cinzel e muita força foram utilizados para desbastar o mármore. A construção da arte e da vida exige do artista trabalho e empenho. De início, golpes fortes, inserções profundas, instrumentos duros – depois, instrumentos finos, golpes mais delicados e precisos, e por fim polimento suave e gentil.

Na medida em que se cresce, refina-se o cuidado, aprofunda-se o sentido, imortaliza-se… Na vida também a coisa funciona assim. Nas diversas fases pelas quais passamos, necessitamos de instrumentos específicos para nos moldar e para sermos moldados.

No entanto, nada substitui o trabalho, o esforço pessoal e o envolvimento. Michelangelo envolveu-se com a obra, envolveu-se com a pedra, envolveu-se com o futuro. Uma das indicações mais objetivas da qualidade da vida relacional é perceber o quanto estamos envolvidos com nossos projetos de vida, e a quantos envolvemos, com quantos nos relacionamos. Aqui está uma das grandes funções da comunidade e da amizade. “Não deixemos nossa congregação como fazem alguns”, ensina a carta aos hebreus. É triste estar só. A beleza e a arte de viver bem não são atributos da sorte nem das facilidades almejadas por nossas ilusões. Antes de tudo, são construções que, para terem consistência, para se tornarem em anjo, devem ser lavradas a partir do duro mármore.

A vida nos coloca em situações diversas, como colocou aquela pedra no caminho de Michelangelo. Trabalhar as situações com coragem e determinação faz de nós pessoas mais inteiras, mais resistentes às intempéries, menos volúveis e mais livres. Acima de tudo, pessoas que conseguem fazer anjos a partir de pedras.

Por fim, há uma habilidade ensinada pelo próprio mármore – há que se deixar moldar. O mármore se permite esculpir. Resiste, é fato. Mas também se entrega ao cuidado do artista. Submete-se ao ato criador de outrem, admite que a beleza precisa de um outro para elaborá-la a partir dos elementos com os quais se relaciona.

Somos esculturas e escultores, simultaneamente. Interferimos na vida uns dos outros, conscientemente ou não. Às vezes cinzelamos com força, ferimos muito; outras somos negligentes, deixamos de cuidar dos detalhes. Mas o que importa sempre é descobrir que podemos cuidar do outro. É mister descobrir o outro como uma possibilidade. O modo como fazemos isso faz toda a diferença. Somos treinados para ser escultores; falta-nos mansidão para sermos esculpidos. A paixão de Cristo, tão bem retratada pelo filme de Gibson, é, talvez, o mais eloquente de todos os apelos a esse princípio. Não vivemos como queremos, mas vivemos a partir do que tornamos possível ou do que aprendemos a admitir como possível. Vivemos na dimensão relacional.

Assim conta-se a história do anjo e da pedra. Nada é tão resistente e tão dócil como esses dois seres. Nada é mais verdadeiro que as lições que inspiram.

Quando estava na Espanha, fui visitar o museu da rainha Sofia. Lá havia uma exposição de instalações. Após visitar vários salões, um chamou-me a atenção em particular. Era uma instalação feita com papel higiênico, tinta e resina: linda, etérea, diferente, serena. O folheto explicativo dizia: “Valor do material: quinhentos euros: valor da obra – um milhão de euros.” Que coisa extraordinária! Não importa o material que se tem, tudo pode ser transformado em arte quando a genialidade criativa e a honestidade relacional estão postas a serviço da beleza.

Você pode encontrar mais histórias como essa no meu livro “A Branca de Neve e os Sistemas Gerenciais”, adquira agora!

De repente, você foi designado para liderar um grupo ou assumiu uma posição de gestão de um setor. As pessoas que lá estavam, não escolheram você. Por outro lado, elas também não foram escolhidas por você. E agora, como conquistar a confiança dessa equipe?
Essa situação me tem sido proposta por muitos de meus clientes. Se por um lado, o fenômeno é corriqueiro, por outro, as respostas não estão em nenhum manual.
Portanto, quero apresentar a você o que tenho feito em função dos resultados que se tem obtido para tais situações. Vamos lá.

EQUIPES RESISTENTES

Do ponto de vista conceitual, precisamos entender que o que acontece num caso como esse é explicado por aquilo que costumo chamar de “geopolítica”; ou seja, o poder em função do espaço.
Os seres humanos são seres territoriais. Isso quer dizer que nosso território é parte de nossa identidade.
Não estou falando apenas do espaço físico, mas também do espaço relacional. Os grupos, times, equipes etc. têm a tendência natural de ver as relações internas como espaços onde o poder se equilibra para  integrar a identidade das pessoas que compõem aquele grupo.
Então, quando alguém “cai de paraquedas” no grupo, a tendência natural das pessoas é se defenderem do “estranho”. As pessoas resistem a quem está chegando nessas condições.
Existem muitos outras razões para essa resistência, mas uma, muito comum, decorre do fato de que o grupo costuma legitimar sua identidade a partir da historicidade.
Quanto mais histórias temos juntos, mais somos parte uns dos outros. Aí, chega alguém que não faz parte dessa história… “Chega depois que o trem partiu e quer sentar na janela? Não vai rolar…”

3 PILARES DA CONFIANÇA

A questão que está sustentando a resistência do grupo, no fundo, é a desconfiança que se tem em relação ao “novato”. Para se enfrentar isso e construir (ou reconstruir) a confiança, é fundamental que aquele que chega na condição de novo gestor seja capaz de discernir três elementos: a sinceridade, a competência e a responsabilidade.
  1. Sinceridade
O grupo espera que o “chegante” tenha um atitude sincera; que seja capaz de expressar de modo honesto e gentil as suas próprias dificuldades. 
A sinceridade, só para deixar claro, não é “dizer o que pensa”. Antes, é ser capaz de expor seus sentimentos numa emocionalidade que possibilite que os outros o escutem a partir de um desejo honesto de honrar o grupo e de oferecer-se como possibilidade.
Essa atitude sincera, normalmente neutraliza a prepotência, a arrogância e cria um espaço relacional onde é possível começar uma nova forma ou possibilidade de caminhar.
  1.  Competência
 O grupo espera evidências claras de que você é capaz de fazer o que diz com objetividade técnica e relacional a partir de altos critérios de qualidade. 
Normalmente, os grupos tendem a valorizar quem acrescenta e contribui a partir de diferenciais de competência. Mas, se isso não é um atributo seu, naquela circunstância, lembre-se de que a “capacidade de aprender” é um dos traços de identidade de líderes e gestores de alto desempenho.
  1.  Responsabilidade
O grupo espera que o líder não terceirize as coisas. Ter responsabilidade é assumir o que diz, pensa e faz, sem rodeios. Quando o líder ou gestor atua a partir da responsabilidade, os “seguidores” se sentem protegidos e representados por aquele que os representa.
Então, agir com responsabilidade é minimizar as explicações e justificativas, e maximizar os resultados coletivos. Se deu certo foi o grupo, se deu errado eu (como líder) assumo.
“O  sucesso é sempre resultado do time e, os erros, responsabilidade do líder.” Peter Drucker
Esses três elementos criam no grupo o senso de “organismo”, ou de sistema orgânico. As pessoas passam a atuar constituindo-se como um “ser vivo” em plena interação com o meio, sendo capaz de integrar tudo aquilo que os torna mais efetivos e plenos.
Esses três elementos também são a base da confiança. Portanto, você se torna confiável quando evidencia, em seu modo da ser e agir, a sinceridade, a competência e a responsabilidade.
Neste vídeo, eu trago mais elementos sobre o assunto:

UMA QUESTÃO DE TEMPO

É claro que esse processo não é automático e nem imediato. É necessário ter um tempo vivencial com o novo grupo para que ele perceba o modo coerente como você se conduz em suas relações com ele.
O desafio é: seja confiável e coerente, e permita que sua sinceridade, competência e responsabilidade façam o trabalho de lhe dar a autoridade e o respeito que você merece. 
Essa tem sido a forma que muitos de meus clientes têm conseguido resolver a questão de assumir equipes que não foram escolhidas por eles. Espero também ter ajudado você.

Dia desses visitava um cliente. Enquanto o aguardava fiquei na sala de espera observando a dinâmica dos colaboradores daquela empresa. Atento às falas, aos movimentos e comportamentos dos profissionais dali, pude observar algo que sempre me chama a atenção: o clima organizacional.

 

Segundo o Portal RH (http://www.rhportal.com.br/artigos), Clima Organizacional é o conjunto de propriedades mensuráveis do ambiente de trabalho percebido, direta ou indiretamente pelos indivíduos que vivem e trabalham neste ambiente e que influencia a motivação, o comportamento, a produtividade e os relacionamentos dessas pessoas.

 

Do ponto de vista organizacional, clima é o indicador de satisfação dos membros de um sistema produtivo qualquer, em relação aos diferentes aspectos da cultura ou realidade aparente desse sistema, tais como: políticas de RH, modelo de gestão, processos de comunicação, valorização profissional e identificação com a empresa e relacionamentos.

 

A organização e as condições de trabalho, bem como as relações entre os colaboradores condicionam em grande parte a qualidade da vida e os resultados corporativos. Construir um clima propício para o trabalho e a convivência em grupo é estar contribuindo no desenvolvimento concreto e pessoal de todos os elementos fundamentais que nos fazem seres humanos: autonomia, legitimidade, diferenças e liberdade, tanto no domínio individual como social.

 

No tempo em que fiquei esperando meu cliente, observei um elevado grau de ansiedade das pessoas, instabilidade de humor, relacionamentos indelicados, muita movimentação, muito individualismo e pouco resultado. As pessoas cumpriam seu papel no trabalho como se aquilo fosse um fardo bastante pesado. Era visível a enorme quantidade de energia usada para manter as coisas mais ou menos sob controle, desviando-as dos fatores produtivos e relacionais realmente necessários.

 

Pois bem, para se melhorar o clima organizacional é necessário entender um pouco mais fundo a questão dos relacionamentos humanos.

 

As relações entre pessoas nos sistemas organizados ocorrem a partir de dois movimentos: vertical e horizontal.

 

O movimento vertical se caracteriza pelas relações hierárquicas. Tradicionalmente tal movimento era construído por ações desumanas e unilaterais, onde predominava

os desmandos, a manipulação pelo medo, a competitividade entre colegas e a insegurança entre as pessoas. Com a humanização dos processos gerenciais e a reorganização do trabalho, novas características foram incorporadas a esse movimento: qualificação, polifuncionalidade, visão sistêmica do processo produtivo, rotação das tarefas, autonomia, flexibilização e harmonia relacional.

 

A tendência, hoje, observada em organizações de alto desempenho, é ter colaboradores com maior escolaridade, competência, eficiência, espírito competitivo, criatividade, qualificação e empregabilidade. Tal política, no entanto, visa um melhor ambiente e uma maior produção, obtida antes, pela eficiência e pelo trabalho intelectual do que pelo excesso do esforço físico. Isso inclui agilidade das empresas diante do mercado, sem perder a noção de qualidade relacional que deve ser a tônica do clima onde se realiza o trabalho.

 

Significa também, atender às demandas do mercado, o que leva os profissionais a terem que se adaptar e aceitar as constantes mudanças e novas exigências das políticas competitivas no mercado global, bem como construir relações internas que promovam a saúde e a qualidade de vida. Manter essa equidade é, hoje, sinônimo de eficiência.

 

O fenômeno horizontal está relacionado à pressão para produção. Tradicionalmente isso era feito, devido à instabilidade do mercado, a partir do medo que a perda do emprego gerava e as poucas alternativas formais que se tinha até então de manter-se empregado. O enraizamento e a disseminação do medo no ambiente de trabalho criavam possibilidades de atos individualistas e tolerância às práticas autoritárias que sustentavam a cultura da subserviência. No entanto, esse fato, hoje, está mudando. A estabilidade econômica, o espaço para o empreendedorismo e as conquistas trabalhistas, já não permite mais a gestão organizacional a partir da cultura do medo.

 

Algumas organizações que ainda atuam com esse clima, fatalmente irão descobrir, mais cedo do que pensam o alto custo em manter tal cultura. Atuar a partir de autoritarismo, estimular a competição sistemática entre colegas, incentivar a indiferença ao outro e explorar os profissionais até o limite da sanidade relacional, é uma das formas mais efetivas de aumentar custos, perder clientes e sair do mercado.

 

Este fenômeno provoca o rompimento dos laços afetivos entre os pares, aumento do individualismo e instauração do ‘pacto do silêncio’, com também o ‘pacto da mediocridade’. As consequências mais comuns são: relações afetivas frias e endurecidas, comprometimento da saúde, da identidade e da dignidade, sentimento de inutilidade, descontentamento e falta de prazer no trabalho, aumento do absenteísmo e diminuição da produtividade.

 

Construir ambientes de trabalho e convivência cujo clima seja saudável é uma questão de retorno à humanidade. É valorizar o que nos constituiu como seres humanos, é primar pela qualidade de vida e pela vida de qualidade, antes de qualquer valor econômico por si mesmo.

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Desenvolvemos uma ferramenta online para avaliarmos as 5 dimensões da cultura da sua empresa/organização.

 

O Exame da Cultura Organizacional foi desenvolvido para identificar os ambientes que compõem a cultura de uma dada organização e como tais ambientes se relacionam com seus resultados, ajudando o gestor a tomar as melhores decisões para promover o desenvolvimento organizacional.

 

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Conta-se uma história interessante sobre Michelangelo. Dizem que o mestre do renascimento italiano andava pela cidade de Roma, seguido por alguns alunos. Ao passar por escombros, parou e lhes disse: “Vejam, ali está um anjo!” Os discípulos, perplexos por nada verem, perguntaram ao mestre onde estava o anjo. Michelangelo respondeu: “Está aprisionado naquele pedaço de mármore descartado. Basta tirar da pedra o excesso que ele aparece.” Entusiasmados, os discípulos ajudaram a levar a pedra para o ateliê e o observaram trabalhar intensamente. Ao fim de algumas semanas, lá estava o anjo.

Se a história é verdadeira ou não, pouco importa. O que importa é a lição que ela nos traz – de fato, a beleza se esconde. Para tê-la é necessário o exercício da arte, e arte é o que sustenta a educação, a pintura, a escultura, as relações pessoais – enfim, a vida.

Transformar tudo em arte – esse é o grande projeto dos relacionamentos humanos. Fazer da vida algo belo é o desafio maior. Criar a beleza é fruto da sabedoria. “E viu Deus que isso era bom”, ensinam as Escrituras sobre o ato criador. Trazer a beleza para fora, expô-la, nos faz seres encantados.

No entanto, transformar a vida em arte pressupõe certas habilidades que a história da pedra e do anjo parece nos revelar.

 

Primeiro: há que se ter uma atitude restauradora. Muito provavelmente Michelangelo nutria, todo o tempo, uma visão de mundo onde tudo pode ser construído, melhorado, embelezado – uma mente de artista. Uma pedra jogada fora é algo mais que simplesmente uma pedra jogada fora. Michelangelo era um edificador, alguém capaz de ver anjos onde outros só viam pedra. Alguém capaz de tirar beleza de pedaços desprezados. Nem sempre temos a visão de que as coisas podem ser construídas, restauradas, edificadas. Achamos mais fácil abandonar, jogar fora e comprar algo novo. Um aluno difícil, estigmatizado por colegas e professores, torna-se uma pedra jogada fora. Um relacionamento caracterizado por amarguras transforma os envolvidos em pedras desprezadas. Uma emoção mal dirigida inviabiliza muitas oportunidades.

Muitas vezes, diante de situações como essas, o que fazemos, no máximo, é colocá-las no lixo. É mais fácil abandonar algo que incomoda do que reconstruí-lo. Essa visão imediatista do mundo tira de nós a competência restauradora. O primeiro pensamento que deve nutrir nossas relações, mesmo nos momentos difíceis, é que tudo pode ser reconstruído. Nutrir pensamentos assim nos transforma em artistas.

 

Segundo: há que se ter visão de futuro. A incapacidade de ver o futuro torna nossas decisões expressões da ansiedade, faz de nossas opções um grandioso apelo ao aqui e agora, tira de nós a perspectiva do inefável.

O anjo esculpido por Michelangelo preservou a pedra que estava no lixo. A visão de futuro nos capacita a ter esperanças. Os olhos do futuro são menos imediatistas que os olhos do presente; eles nos fazem ver possibilidades que agora parecem apenas pedras jogadas no lixo.

Ver o futuro é sonhar com a possibilidade. A própria natureza humana ensina isso. Quando vejo uma mulher grávida, sempre penso: ali vai um extraordinário grito da esperança. Engravidar é ter visão de futuro, é construir a esperança. Aliás, certa vez escrevi um poema sobre isso: chama-se Natus est:

 

“Conceber a vida não é apenas engravidar;

É deixar-se fecundar de esperança

É replantar o futuro

É construir a eternidade.

 

É ser parceiro da ternura

É pintar uma lua

É andar descalça e nua

É ter o coração em festa.

 

Conceber a vida é mais que fazer nascer

É montar um amanhecer

Sol que aquece e ilumina

Orvalho que rega e alimenta

Que desperta e faz crescer.

 

Conceber a vida é morrer

É deixar-se consumir nesta paixão

É envolver o coração

É enxergar o que não se vê.”

 

Pensar em nossos atos como construções de futuro dá outro significado às coisas. Corrigir um filho, orientar um aluno, fazer uma promessa, declarar um amor, plantar uma árvore são atos capazes de configurar diversos futuros, conforme a natureza de nossa visão ou de nossos sonhos. Pensar em nós mesmos como construtores de futuro é elevar a vida ao mais alto padrão estabelecido por Deus. É ser capaz de enxergar o que não se vê.

 

Terceiro: é preciso conhecimento e estudo. Michelangelo estava preparado para esculpir, conhecia a técnica, exercitava-se nela. Quanto mais estudo, mais competência. A criação surge sempre de uma mente preparada. As oportunidades pousam em mentes abertas. A ideia de que algo possa acontecer sem preparação é uma ideia infantil e pouco prática. Na melhor das hipóteses, gera uma enorme frustração quando descobrimos que não percebemos as oportunidades porque não tínhamos distinções capazes de vê-las.

Nos dias de hoje, a quantidade de informação disponível e a dinâmica das relações fazem com que as possibilidades estejam presentes a todo tempo. Vê-las é um exercício da capacidade, da sensibilidade e de inspiração. No entanto, essas coisas não são frutos de processos misteriosos; são, isso sim, resultados de muita dedicação e aprendizagem. Existe por aí um universo a ser descoberto, muitos anjos a serem libertos, muitas pedras a esculpir. Mas uma das coisas que se requer para tal façanha é estarmos preparados para enfrentar as pedras e transformá-las em arte. Isso é fruto de trabalho, conhecimento e técnica.

As antenas captam sinais. No entanto, não há vantagem alguma em uma antena captar sinais fortes. Toda antena deve fazer isso. Boas antenas, por sua vez, captam sinais fracos. Aí está o diferencial. Ver o que todos veem nos faz iguais. Ver o que alguns veem nos faz menos gerais. Ver o que ninguém vê nos permite esculpir o futuro, construir uma nova história, criar possibilidades. Nada há que substitua o conhecimento, e não há conhe­cimento sem esforço.

 

Quarto: capacidade de contemplarMichelangelo andava pelas ruas de Roma com os olhos atentos. Olhos de quem sabe desfrutar o que vê. Nada passa despercebido a quem tem o coração preocupado em contemplar. “Olhai os lírios do campo”, dizia Jesus. Eles não tecem nem fiam; no entanto, nem Salomão se vestiu como eles. Contemplar é desenvolver a capacidade divina de ver que o que é bom.

“E viu Deus que isso era bom”. Creio que Deus fez as coisas, contemplou-as e só depois declarou que eram boas coisas. No entanto, quando acabou de fazer o homem e o contemplou, descobriu que faltava algo. “Não é bom que o homem esteja só.” Deus descobriu o que estava faltando porque contemplou o que fez. Na contemplação não só descubro a beleza, como também descubro o outro. Contemplar é investir tempo na descoberta do que me cerca para ser capaz de usufruir da beleza – alimento da alma. Contemplar é permitir que se desenvolva a generosidade e a gratidão. Quem não contempla não sabe o que agradecer. Quem não sabe agradecer ainda não aprendeu a contemplar. Olhem os lírios, olhem as nuvens, olhem uns aos outros, olhem a árvore sem folhas, olhem o jardim florido, olhem a dor e o sorriso, olhem a vida e a morte. Enxerguem o Pai. Olhem sem pressa e vejam que em tudo há beleza, mesmo nos escombros.

 

Quinto: trabalho, esforço, envolvimento e empenho. A beleza não se dá por acaso, é fruto de uma boa jornada de trabalho. “Doce é o sono do trabalhador”, declaram as Escrituras. Aquela pedra achada por Michelangelo e colocada no ateliê foi alvo de muito suor. Martelo, cinzel e muita força foram utilizados para desbastar o mármore. A construção da arte e da vida exige do artista trabalho e empenho. De início, golpes fortes, inserções profundas, instrumentos duros – depois, instrumentos finos, golpes mais delicados e precisos, e por fim polimento suave e gentil.

Na medida em que se cresce, refina-se o cuidado, aprofunda-se o sentido, imortaliza-se… Na vida também a coisa funciona assim. Nas diversas fases pelas quais passamos, necessitamos de instrumentos específicos para nos moldar e para sermos moldados.

No entanto, nada substitui o trabalho, o esforço pessoal e o envolvimento. Michelangelo envolveu-se com a obra, envolveu-se com a pedra, envolveu-se com o futuro. Uma das indicações mais objetivas da qualidade da vida relacional é perceber o quanto estamos envolvidos com nossos projetos de vida, e a quantos envolvemos, com quantos nos relacionamos. Aqui está uma das grandes funções da comunidade e da amizade. “Não deixemos nossa congregação como fazem alguns”, ensina a carta aos hebreus. É triste estar só. A beleza e a arte de viver bem não são atributos da sorte nem das facilidades almejadas por nossas ilusões. Antes de tudo, são construções que, para terem consistência, para se tornarem em anjo, devem ser lavradas a partir do duro mármore.

A vida nos coloca em situações diversas, como colocou aquela pedra no caminho de Michelangelo. Trabalhar as situações com coragem e determinação faz de nós pessoas mais inteiras, mais resistentes às intempéries, menos volúveis e mais livres. Acima de tudo, pessoas que conseguem fazer anjos a partir de pedras.

Por fim, há uma habilidade ensinada pelo próprio mármore – há que se deixar moldar. O mármore se permite esculpir. Resiste, é fato. Mas também se entrega ao cuidado do artista. Submete-se ao ato criador de outrem, admite que a beleza precisa de um outro para elaborá-la a partir dos elementos com os quais se relaciona.

Somos esculturas e escultores, simultaneamente. Interferimos na vida uns dos outros, conscientemente ou não. Às vezes cinzelamos com força, ferimos muito; outras somos negligentes, deixamos de cuidar dos detalhes. Mas o que importa sempre é descobrir que podemos cuidar do outro. É mister descobrir o outro como uma possibilidade. O modo como fazemos isso faz toda a diferença. Somos treinados para ser escultores; falta-nos mansidão para sermos esculpidos. A paixão de Cristo, tão bem retratada pelo filme de Gibson, é, talvez, o mais eloquente de todos os apelos a esse princípio. Não vivemos como queremos, mas vivemos a partir do que tornamos possível ou do que aprendemos a admitir como possível. Vivemos na dimensão relacional.

Assim conta-se a história do anjo e da pedra. Nada é tão resistente e tão dócil como esses dois seres. Nada é mais verdadeiro que as lições que inspiram.

Quando estava na Espanha, fui visitar o museu da rainha Sofia. Lá havia uma exposição de instalações. Após visitar vários salões, um chamou-me a atenção em particular. Era uma instalação feita com papel higiênico, tinta e resina: linda, etérea, diferente, serena. O folheto explicativo dizia: “Valor do material: quinhentos euros: valor da obra – um milhão de euros.” Que coisa extraordinária! Não importa o material que se tem, tudo pode ser transformado em arte quando a genialidade criativa e a honestidade relacional estão postas a serviço da beleza.

Você pode encontrar mais histórias como essa no meu livro “A Branca de Neve e os Sistemas Gerenciais”, adquira agora!

De repente, você foi designado para liderar um grupo ou assumiu uma posição de gestão de um setor. As pessoas que lá estavam, não escolheram você. Por outro lado, elas também não foram escolhidas por você. E agora, como conquistar a confiança dessa equipe?
Essa situação me tem sido proposta por muitos de meus clientes. Se por um lado, o fenômeno é corriqueiro, por outro, as respostas não estão em nenhum manual.
Portanto, quero apresentar a você o que tenho feito em função dos resultados que se tem obtido para tais situações. Vamos lá.

EQUIPES RESISTENTES

Do ponto de vista conceitual, precisamos entender que o que acontece num caso como esse é explicado por aquilo que costumo chamar de “geopolítica”; ou seja, o poder em função do espaço.
Os seres humanos são seres territoriais. Isso quer dizer que nosso território é parte de nossa identidade.
Não estou falando apenas do espaço físico, mas também do espaço relacional. Os grupos, times, equipes etc. têm a tendência natural de ver as relações internas como espaços onde o poder se equilibra para  integrar a identidade das pessoas que compõem aquele grupo.
Então, quando alguém “cai de paraquedas” no grupo, a tendência natural das pessoas é se defenderem do “estranho”. As pessoas resistem a quem está chegando nessas condições.
Existem muitos outras razões para essa resistência, mas uma, muito comum, decorre do fato de que o grupo costuma legitimar sua identidade a partir da historicidade.
Quanto mais histórias temos juntos, mais somos parte uns dos outros. Aí, chega alguém que não faz parte dessa história… “Chega depois que o trem partiu e quer sentar na janela? Não vai rolar…”

3 PILARES DA CONFIANÇA

A questão que está sustentando a resistência do grupo, no fundo, é a desconfiança que se tem em relação ao “novato”. Para se enfrentar isso e construir (ou reconstruir) a confiança, é fundamental que aquele que chega na condição de novo gestor seja capaz de discernir três elementos: a sinceridade, a competência e a responsabilidade.
  1. Sinceridade
O grupo espera que o “chegante” tenha um atitude sincera; que seja capaz de expressar de modo honesto e gentil as suas próprias dificuldades. 
A sinceridade, só para deixar claro, não é “dizer o que pensa”. Antes, é ser capaz de expor seus sentimentos numa emocionalidade que possibilite que os outros o escutem a partir de um desejo honesto de honrar o grupo e de oferecer-se como possibilidade.
Essa atitude sincera, normalmente neutraliza a prepotência, a arrogância e cria um espaço relacional onde é possível começar uma nova forma ou possibilidade de caminhar.
  1.  Competência
 O grupo espera evidências claras de que você é capaz de fazer o que diz com objetividade técnica e relacional a partir de altos critérios de qualidade. 
Normalmente, os grupos tendem a valorizar quem acrescenta e contribui a partir de diferenciais de competência. Mas, se isso não é um atributo seu, naquela circunstância, lembre-se de que a “capacidade de aprender” é um dos traços de identidade de líderes e gestores de alto desempenho.
  1.  Responsabilidade
O grupo espera que o líder não terceirize as coisas. Ter responsabilidade é assumir o que diz, pensa e faz, sem rodeios. Quando o líder ou gestor atua a partir da responsabilidade, os “seguidores” se sentem protegidos e representados por aquele que os representa.
Então, agir com responsabilidade é minimizar as explicações e justificativas, e maximizar os resultados coletivos. Se deu certo foi o grupo, se deu errado eu (como líder) assumo.
“O  sucesso é sempre resultado do time e, os erros, responsabilidade do líder.” Peter Drucker
Esses três elementos criam no grupo o senso de “organismo”, ou de sistema orgânico. As pessoas passam a atuar constituindo-se como um “ser vivo” em plena interação com o meio, sendo capaz de integrar tudo aquilo que os torna mais efetivos e plenos.
Esses três elementos também são a base da confiança. Portanto, você se torna confiável quando evidencia, em seu modo da ser e agir, a sinceridade, a competência e a responsabilidade.
Neste vídeo, eu trago mais elementos sobre o assunto:

UMA QUESTÃO DE TEMPO

É claro que esse processo não é automático e nem imediato. É necessário ter um tempo vivencial com o novo grupo para que ele perceba o modo coerente como você se conduz em suas relações com ele.
O desafio é: seja confiável e coerente, e permita que sua sinceridade, competência e responsabilidade façam o trabalho de lhe dar a autoridade e o respeito que você merece. 
Essa tem sido a forma que muitos de meus clientes têm conseguido resolver a questão de assumir equipes que não foram escolhidas por eles. Espero também ter ajudado você.

Dia desses visitava um cliente. Enquanto o aguardava fiquei na sala de espera observando a dinâmica dos colaboradores daquela empresa. Atento às falas, aos movimentos e comportamentos dos profissionais dali, pude observar algo que sempre me chama a atenção: o clima organizacional.

 

Segundo o Portal RH (http://www.rhportal.com.br/artigos), Clima Organizacional é o conjunto de propriedades mensuráveis do ambiente de trabalho percebido, direta ou indiretamente pelos indivíduos que vivem e trabalham neste ambiente e que influencia a motivação, o comportamento, a produtividade e os relacionamentos dessas pessoas.

 

Do ponto de vista organizacional, clima é o indicador de satisfação dos membros de um sistema produtivo qualquer, em relação aos diferentes aspectos da cultura ou realidade aparente desse sistema, tais como: políticas de RH, modelo de gestão, processos de comunicação, valorização profissional e identificação com a empresa e relacionamentos.

 

A organização e as condições de trabalho, bem como as relações entre os colaboradores condicionam em grande parte a qualidade da vida e os resultados corporativos. Construir um clima propício para o trabalho e a convivência em grupo é estar contribuindo no desenvolvimento concreto e pessoal de todos os elementos fundamentais que nos fazem seres humanos: autonomia, legitimidade, diferenças e liberdade, tanto no domínio individual como social.

 

No tempo em que fiquei esperando meu cliente, observei um elevado grau de ansiedade das pessoas, instabilidade de humor, relacionamentos indelicados, muita movimentação, muito individualismo e pouco resultado. As pessoas cumpriam seu papel no trabalho como se aquilo fosse um fardo bastante pesado. Era visível a enorme quantidade de energia usada para manter as coisas mais ou menos sob controle, desviando-as dos fatores produtivos e relacionais realmente necessários.

 

Pois bem, para se melhorar o clima organizacional é necessário entender um pouco mais fundo a questão dos relacionamentos humanos.

 

As relações entre pessoas nos sistemas organizados ocorrem a partir de dois movimentos: vertical e horizontal.

 

O movimento vertical se caracteriza pelas relações hierárquicas. Tradicionalmente tal movimento era construído por ações desumanas e unilaterais, onde predominava

os desmandos, a manipulação pelo medo, a competitividade entre colegas e a insegurança entre as pessoas. Com a humanização dos processos gerenciais e a reorganização do trabalho, novas características foram incorporadas a esse movimento: qualificação, polifuncionalidade, visão sistêmica do processo produtivo, rotação das tarefas, autonomia, flexibilização e harmonia relacional.

 

A tendência, hoje, observada em organizações de alto desempenho, é ter colaboradores com maior escolaridade, competência, eficiência, espírito competitivo, criatividade, qualificação e empregabilidade. Tal política, no entanto, visa um melhor ambiente e uma maior produção, obtida antes, pela eficiência e pelo trabalho intelectual do que pelo excesso do esforço físico. Isso inclui agilidade das empresas diante do mercado, sem perder a noção de qualidade relacional que deve ser a tônica do clima onde se realiza o trabalho.

 

Significa também, atender às demandas do mercado, o que leva os profissionais a terem que se adaptar e aceitar as constantes mudanças e novas exigências das políticas competitivas no mercado global, bem como construir relações internas que promovam a saúde e a qualidade de vida. Manter essa equidade é, hoje, sinônimo de eficiência.

 

O fenômeno horizontal está relacionado à pressão para produção. Tradicionalmente isso era feito, devido à instabilidade do mercado, a partir do medo que a perda do emprego gerava e as poucas alternativas formais que se tinha até então de manter-se empregado. O enraizamento e a disseminação do medo no ambiente de trabalho criavam possibilidades de atos individualistas e tolerância às práticas autoritárias que sustentavam a cultura da subserviência. No entanto, esse fato, hoje, está mudando. A estabilidade econômica, o espaço para o empreendedorismo e as conquistas trabalhistas, já não permite mais a gestão organizacional a partir da cultura do medo.

 

Algumas organizações que ainda atuam com esse clima, fatalmente irão descobrir, mais cedo do que pensam o alto custo em manter tal cultura. Atuar a partir de autoritarismo, estimular a competição sistemática entre colegas, incentivar a indiferença ao outro e explorar os profissionais até o limite da sanidade relacional, é uma das formas mais efetivas de aumentar custos, perder clientes e sair do mercado.

 

Este fenômeno provoca o rompimento dos laços afetivos entre os pares, aumento do individualismo e instauração do ‘pacto do silêncio’, com também o ‘pacto da mediocridade’. As consequências mais comuns são: relações afetivas frias e endurecidas, comprometimento da saúde, da identidade e da dignidade, sentimento de inutilidade, descontentamento e falta de prazer no trabalho, aumento do absenteísmo e diminuição da produtividade.

 

Construir ambientes de trabalho e convivência cujo clima seja saudável é uma questão de retorno à humanidade. É valorizar o que nos constituiu como seres humanos, é primar pela qualidade de vida e pela vida de qualidade, antes de qualquer valor econômico por si mesmo.

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Desenvolvemos uma ferramenta online para avaliarmos as 5 dimensões da cultura da sua empresa/organização.

 

O Exame da Cultura Organizacional foi desenvolvido para identificar os ambientes que compõem a cultura de uma dada organização e como tais ambientes se relacionam com seus resultados, ajudando o gestor a tomar as melhores decisões para promover o desenvolvimento organizacional.

 

Clique aqui para obter um acesso gratuito ao exame. Exame da Cultura da Organização – Homero Reis

Conta-se uma história interessante sobre Michelangelo. Dizem que o mestre do renascimento italiano andava pela cidade de Roma, seguido por alguns alunos. Ao passar por escombros, parou e lhes disse: “Vejam, ali está um anjo!” Os discípulos, perplexos por nada verem, perguntaram ao mestre onde estava o anjo. Michelangelo respondeu: “Está aprisionado naquele pedaço de mármore descartado. Basta tirar da pedra o excesso que ele aparece.” Entusiasmados, os discípulos ajudaram a levar a pedra para o ateliê e o observaram trabalhar intensamente. Ao fim de algumas semanas, lá estava o anjo.

Se a história é verdadeira ou não, pouco importa. O que importa é a lição que ela nos traz – de fato, a beleza se esconde. Para tê-la é necessário o exercício da arte, e arte é o que sustenta a educação, a pintura, a escultura, as relações pessoais – enfim, a vida.

Transformar tudo em arte – esse é o grande projeto dos relacionamentos humanos. Fazer da vida algo belo é o desafio maior. Criar a beleza é fruto da sabedoria. “E viu Deus que isso era bom”, ensinam as Escrituras sobre o ato criador. Trazer a beleza para fora, expô-la, nos faz seres encantados.

No entanto, transformar a vida em arte pressupõe certas habilidades que a história da pedra e do anjo parece nos revelar.

 

Primeiro: há que se ter uma atitude restauradora. Muito provavelmente Michelangelo nutria, todo o tempo, uma visão de mundo onde tudo pode ser construído, melhorado, embelezado – uma mente de artista. Uma pedra jogada fora é algo mais que simplesmente uma pedra jogada fora. Michelangelo era um edificador, alguém capaz de ver anjos onde outros só viam pedra. Alguém capaz de tirar beleza de pedaços desprezados. Nem sempre temos a visão de que as coisas podem ser construídas, restauradas, edificadas. Achamos mais fácil abandonar, jogar fora e comprar algo novo. Um aluno difícil, estigmatizado por colegas e professores, torna-se uma pedra jogada fora. Um relacionamento caracterizado por amarguras transforma os envolvidos em pedras desprezadas. Uma emoção mal dirigida inviabiliza muitas oportunidades.

Muitas vezes, diante de situações como essas, o que fazemos, no máximo, é colocá-las no lixo. É mais fácil abandonar algo que incomoda do que reconstruí-lo. Essa visão imediatista do mundo tira de nós a competência restauradora. O primeiro pensamento que deve nutrir nossas relações, mesmo nos momentos difíceis, é que tudo pode ser reconstruído. Nutrir pensamentos assim nos transforma em artistas.

 

Segundo: há que se ter visão de futuro. A incapacidade de ver o futuro torna nossas decisões expressões da ansiedade, faz de nossas opções um grandioso apelo ao aqui e agora, tira de nós a perspectiva do inefável.

O anjo esculpido por Michelangelo preservou a pedra que estava no lixo. A visão de futuro nos capacita a ter esperanças. Os olhos do futuro são menos imediatistas que os olhos do presente; eles nos fazem ver possibilidades que agora parecem apenas pedras jogadas no lixo.

Ver o futuro é sonhar com a possibilidade. A própria natureza humana ensina isso. Quando vejo uma mulher grávida, sempre penso: ali vai um extraordinário grito da esperança. Engravidar é ter visão de futuro, é construir a esperança. Aliás, certa vez escrevi um poema sobre isso: chama-se Natus est:

 

“Conceber a vida não é apenas engravidar;

É deixar-se fecundar de esperança

É replantar o futuro

É construir a eternidade.

 

É ser parceiro da ternura

É pintar uma lua

É andar descalça e nua

É ter o coração em festa.

 

Conceber a vida é mais que fazer nascer

É montar um amanhecer

Sol que aquece e ilumina

Orvalho que rega e alimenta

Que desperta e faz crescer.

 

Conceber a vida é morrer

É deixar-se consumir nesta paixão

É envolver o coração

É enxergar o que não se vê.”

 

Pensar em nossos atos como construções de futuro dá outro significado às coisas. Corrigir um filho, orientar um aluno, fazer uma promessa, declarar um amor, plantar uma árvore são atos capazes de configurar diversos futuros, conforme a natureza de nossa visão ou de nossos sonhos. Pensar em nós mesmos como construtores de futuro é elevar a vida ao mais alto padrão estabelecido por Deus. É ser capaz de enxergar o que não se vê.

 

Terceiro: é preciso conhecimento e estudo. Michelangelo estava preparado para esculpir, conhecia a técnica, exercitava-se nela. Quanto mais estudo, mais competência. A criação surge sempre de uma mente preparada. As oportunidades pousam em mentes abertas. A ideia de que algo possa acontecer sem preparação é uma ideia infantil e pouco prática. Na melhor das hipóteses, gera uma enorme frustração quando descobrimos que não percebemos as oportunidades porque não tínhamos distinções capazes de vê-las.

Nos dias de hoje, a quantidade de informação disponível e a dinâmica das relações fazem com que as possibilidades estejam presentes a todo tempo. Vê-las é um exercício da capacidade, da sensibilidade e de inspiração. No entanto, essas coisas não são frutos de processos misteriosos; são, isso sim, resultados de muita dedicação e aprendizagem. Existe por aí um universo a ser descoberto, muitos anjos a serem libertos, muitas pedras a esculpir. Mas uma das coisas que se requer para tal façanha é estarmos preparados para enfrentar as pedras e transformá-las em arte. Isso é fruto de trabalho, conhecimento e técnica.

As antenas captam sinais. No entanto, não há vantagem alguma em uma antena captar sinais fortes. Toda antena deve fazer isso. Boas antenas, por sua vez, captam sinais fracos. Aí está o diferencial. Ver o que todos veem nos faz iguais. Ver o que alguns veem nos faz menos gerais. Ver o que ninguém vê nos permite esculpir o futuro, construir uma nova história, criar possibilidades. Nada há que substitua o conhecimento, e não há conhe­cimento sem esforço.

 

Quarto: capacidade de contemplarMichelangelo andava pelas ruas de Roma com os olhos atentos. Olhos de quem sabe desfrutar o que vê. Nada passa despercebido a quem tem o coração preocupado em contemplar. “Olhai os lírios do campo”, dizia Jesus. Eles não tecem nem fiam; no entanto, nem Salomão se vestiu como eles. Contemplar é desenvolver a capacidade divina de ver que o que é bom.

“E viu Deus que isso era bom”. Creio que Deus fez as coisas, contemplou-as e só depois declarou que eram boas coisas. No entanto, quando acabou de fazer o homem e o contemplou, descobriu que faltava algo. “Não é bom que o homem esteja só.” Deus descobriu o que estava faltando porque contemplou o que fez. Na contemplação não só descubro a beleza, como também descubro o outro. Contemplar é investir tempo na descoberta do que me cerca para ser capaz de usufruir da beleza – alimento da alma. Contemplar é permitir que se desenvolva a generosidade e a gratidão. Quem não contempla não sabe o que agradecer. Quem não sabe agradecer ainda não aprendeu a contemplar. Olhem os lírios, olhem as nuvens, olhem uns aos outros, olhem a árvore sem folhas, olhem o jardim florido, olhem a dor e o sorriso, olhem a vida e a morte. Enxerguem o Pai. Olhem sem pressa e vejam que em tudo há beleza, mesmo nos escombros.

 

Quinto: trabalho, esforço, envolvimento e empenho. A beleza não se dá por acaso, é fruto de uma boa jornada de trabalho. “Doce é o sono do trabalhador”, declaram as Escrituras. Aquela pedra achada por Michelangelo e colocada no ateliê foi alvo de muito suor. Martelo, cinzel e muita força foram utilizados para desbastar o mármore. A construção da arte e da vida exige do artista trabalho e empenho. De início, golpes fortes, inserções profundas, instrumentos duros – depois, instrumentos finos, golpes mais delicados e precisos, e por fim polimento suave e gentil.

Na medida em que se cresce, refina-se o cuidado, aprofunda-se o sentido, imortaliza-se… Na vida também a coisa funciona assim. Nas diversas fases pelas quais passamos, necessitamos de instrumentos específicos para nos moldar e para sermos moldados.

No entanto, nada substitui o trabalho, o esforço pessoal e o envolvimento. Michelangelo envolveu-se com a obra, envolveu-se com a pedra, envolveu-se com o futuro. Uma das indicações mais objetivas da qualidade da vida relacional é perceber o quanto estamos envolvidos com nossos projetos de vida, e a quantos envolvemos, com quantos nos relacionamos. Aqui está uma das grandes funções da comunidade e da amizade. “Não deixemos nossa congregação como fazem alguns”, ensina a carta aos hebreus. É triste estar só. A beleza e a arte de viver bem não são atributos da sorte nem das facilidades almejadas por nossas ilusões. Antes de tudo, são construções que, para terem consistência, para se tornarem em anjo, devem ser lavradas a partir do duro mármore.

A vida nos coloca em situações diversas, como colocou aquela pedra no caminho de Michelangelo. Trabalhar as situações com coragem e determinação faz de nós pessoas mais inteiras, mais resistentes às intempéries, menos volúveis e mais livres. Acima de tudo, pessoas que conseguem fazer anjos a partir de pedras.

Por fim, há uma habilidade ensinada pelo próprio mármore – há que se deixar moldar. O mármore se permite esculpir. Resiste, é fato. Mas também se entrega ao cuidado do artista. Submete-se ao ato criador de outrem, admite que a beleza precisa de um outro para elaborá-la a partir dos elementos com os quais se relaciona.

Somos esculturas e escultores, simultaneamente. Interferimos na vida uns dos outros, conscientemente ou não. Às vezes cinzelamos com força, ferimos muito; outras somos negligentes, deixamos de cuidar dos detalhes. Mas o que importa sempre é descobrir que podemos cuidar do outro. É mister descobrir o outro como uma possibilidade. O modo como fazemos isso faz toda a diferença. Somos treinados para ser escultores; falta-nos mansidão para sermos esculpidos. A paixão de Cristo, tão bem retratada pelo filme de Gibson, é, talvez, o mais eloquente de todos os apelos a esse princípio. Não vivemos como queremos, mas vivemos a partir do que tornamos possível ou do que aprendemos a admitir como possível. Vivemos na dimensão relacional.

Assim conta-se a história do anjo e da pedra. Nada é tão resistente e tão dócil como esses dois seres. Nada é mais verdadeiro que as lições que inspiram.

Quando estava na Espanha, fui visitar o museu da rainha Sofia. Lá havia uma exposição de instalações. Após visitar vários salões, um chamou-me a atenção em particular. Era uma instalação feita com papel higiênico, tinta e resina: linda, etérea, diferente, serena. O folheto explicativo dizia: “Valor do material: quinhentos euros: valor da obra – um milhão de euros.” Que coisa extraordinária! Não importa o material que se tem, tudo pode ser transformado em arte quando a genialidade criativa e a honestidade relacional estão postas a serviço da beleza.

Você pode encontrar mais histórias como essa no meu livro “A Branca de Neve e os Sistemas Gerenciais”, adquira agora!

De repente, você foi designado para liderar um grupo ou assumiu uma posição de gestão de um setor. As pessoas que lá estavam, não escolheram você. Por outro lado, elas também não foram escolhidas por você. E agora, como conquistar a confiança dessa equipe?
Essa situação me tem sido proposta por muitos de meus clientes. Se por um lado, o fenômeno é corriqueiro, por outro, as respostas não estão em nenhum manual.
Portanto, quero apresentar a você o que tenho feito em função dos resultados que se tem obtido para tais situações. Vamos lá.

EQUIPES RESISTENTES

Do ponto de vista conceitual, precisamos entender que o que acontece num caso como esse é explicado por aquilo que costumo chamar de “geopolítica”; ou seja, o poder em função do espaço.
Os seres humanos são seres territoriais. Isso quer dizer que nosso território é parte de nossa identidade.
Não estou falando apenas do espaço físico, mas também do espaço relacional. Os grupos, times, equipes etc. têm a tendência natural de ver as relações internas como espaços onde o poder se equilibra para  integrar a identidade das pessoas que compõem aquele grupo.
Então, quando alguém “cai de paraquedas” no grupo, a tendência natural das pessoas é se defenderem do “estranho”. As pessoas resistem a quem está chegando nessas condições.
Existem muitos outras razões para essa resistência, mas uma, muito comum, decorre do fato de que o grupo costuma legitimar sua identidade a partir da historicidade.
Quanto mais histórias temos juntos, mais somos parte uns dos outros. Aí, chega alguém que não faz parte dessa história… “Chega depois que o trem partiu e quer sentar na janela? Não vai rolar…”

3 PILARES DA CONFIANÇA

A questão que está sustentando a resistência do grupo, no fundo, é a desconfiança que se tem em relação ao “novato”. Para se enfrentar isso e construir (ou reconstruir) a confiança, é fundamental que aquele que chega na condição de novo gestor seja capaz de discernir três elementos: a sinceridade, a competência e a responsabilidade.
  1. Sinceridade
O grupo espera que o “chegante” tenha um atitude sincera; que seja capaz de expressar de modo honesto e gentil as suas próprias dificuldades. 
A sinceridade, só para deixar claro, não é “dizer o que pensa”. Antes, é ser capaz de expor seus sentimentos numa emocionalidade que possibilite que os outros o escutem a partir de um desejo honesto de honrar o grupo e de oferecer-se como possibilidade.
Essa atitude sincera, normalmente neutraliza a prepotência, a arrogância e cria um espaço relacional onde é possível começar uma nova forma ou possibilidade de caminhar.
  1.  Competência
 O grupo espera evidências claras de que você é capaz de fazer o que diz com objetividade técnica e relacional a partir de altos critérios de qualidade. 
Normalmente, os grupos tendem a valorizar quem acrescenta e contribui a partir de diferenciais de competência. Mas, se isso não é um atributo seu, naquela circunstância, lembre-se de que a “capacidade de aprender” é um dos traços de identidade de líderes e gestores de alto desempenho.
  1.  Responsabilidade
O grupo espera que o líder não terceirize as coisas. Ter responsabilidade é assumir o que diz, pensa e faz, sem rodeios. Quando o líder ou gestor atua a partir da responsabilidade, os “seguidores” se sentem protegidos e representados por aquele que os representa.
Então, agir com responsabilidade é minimizar as explicações e justificativas, e maximizar os resultados coletivos. Se deu certo foi o grupo, se deu errado eu (como líder) assumo.
“O  sucesso é sempre resultado do time e, os erros, responsabilidade do líder.” Peter Drucker
Esses três elementos criam no grupo o senso de “organismo”, ou de sistema orgânico. As pessoas passam a atuar constituindo-se como um “ser vivo” em plena interação com o meio, sendo capaz de integrar tudo aquilo que os torna mais efetivos e plenos.
Esses três elementos também são a base da confiança. Portanto, você se torna confiável quando evidencia, em seu modo da ser e agir, a sinceridade, a competência e a responsabilidade.
Neste vídeo, eu trago mais elementos sobre o assunto:

UMA QUESTÃO DE TEMPO

É claro que esse processo não é automático e nem imediato. É necessário ter um tempo vivencial com o novo grupo para que ele perceba o modo coerente como você se conduz em suas relações com ele.
O desafio é: seja confiável e coerente, e permita que sua sinceridade, competência e responsabilidade façam o trabalho de lhe dar a autoridade e o respeito que você merece. 
Essa tem sido a forma que muitos de meus clientes têm conseguido resolver a questão de assumir equipes que não foram escolhidas por eles. Espero também ter ajudado você.

Dia desses visitava um cliente. Enquanto o aguardava fiquei na sala de espera observando a dinâmica dos colaboradores daquela empresa. Atento às falas, aos movimentos e comportamentos dos profissionais dali, pude observar algo que sempre me chama a atenção: o clima organizacional.

 

Segundo o Portal RH (http://www.rhportal.com.br/artigos), Clima Organizacional é o conjunto de propriedades mensuráveis do ambiente de trabalho percebido, direta ou indiretamente pelos indivíduos que vivem e trabalham neste ambiente e que influencia a motivação, o comportamento, a produtividade e os relacionamentos dessas pessoas.

 

Do ponto de vista organizacional, clima é o indicador de satisfação dos membros de um sistema produtivo qualquer, em relação aos diferentes aspectos da cultura ou realidade aparente desse sistema, tais como: políticas de RH, modelo de gestão, processos de comunicação, valorização profissional e identificação com a empresa e relacionamentos.

 

A organização e as condições de trabalho, bem como as relações entre os colaboradores condicionam em grande parte a qualidade da vida e os resultados corporativos. Construir um clima propício para o trabalho e a convivência em grupo é estar contribuindo no desenvolvimento concreto e pessoal de todos os elementos fundamentais que nos fazem seres humanos: autonomia, legitimidade, diferenças e liberdade, tanto no domínio individual como social.

 

No tempo em que fiquei esperando meu cliente, observei um elevado grau de ansiedade das pessoas, instabilidade de humor, relacionamentos indelicados, muita movimentação, muito individualismo e pouco resultado. As pessoas cumpriam seu papel no trabalho como se aquilo fosse um fardo bastante pesado. Era visível a enorme quantidade de energia usada para manter as coisas mais ou menos sob controle, desviando-as dos fatores produtivos e relacionais realmente necessários.

 

Pois bem, para se melhorar o clima organizacional é necessário entender um pouco mais fundo a questão dos relacionamentos humanos.

 

As relações entre pessoas nos sistemas organizados ocorrem a partir de dois movimentos: vertical e horizontal.

 

O movimento vertical se caracteriza pelas relações hierárquicas. Tradicionalmente tal movimento era construído por ações desumanas e unilaterais, onde predominava

os desmandos, a manipulação pelo medo, a competitividade entre colegas e a insegurança entre as pessoas. Com a humanização dos processos gerenciais e a reorganização do trabalho, novas características foram incorporadas a esse movimento: qualificação, polifuncionalidade, visão sistêmica do processo produtivo, rotação das tarefas, autonomia, flexibilização e harmonia relacional.

 

A tendência, hoje, observada em organizações de alto desempenho, é ter colaboradores com maior escolaridade, competência, eficiência, espírito competitivo, criatividade, qualificação e empregabilidade. Tal política, no entanto, visa um melhor ambiente e uma maior produção, obtida antes, pela eficiência e pelo trabalho intelectual do que pelo excesso do esforço físico. Isso inclui agilidade das empresas diante do mercado, sem perder a noção de qualidade relacional que deve ser a tônica do clima onde se realiza o trabalho.

 

Significa também, atender às demandas do mercado, o que leva os profissionais a terem que se adaptar e aceitar as constantes mudanças e novas exigências das políticas competitivas no mercado global, bem como construir relações internas que promovam a saúde e a qualidade de vida. Manter essa equidade é, hoje, sinônimo de eficiência.

 

O fenômeno horizontal está relacionado à pressão para produção. Tradicionalmente isso era feito, devido à instabilidade do mercado, a partir do medo que a perda do emprego gerava e as poucas alternativas formais que se tinha até então de manter-se empregado. O enraizamento e a disseminação do medo no ambiente de trabalho criavam possibilidades de atos individualistas e tolerância às práticas autoritárias que sustentavam a cultura da subserviência. No entanto, esse fato, hoje, está mudando. A estabilidade econômica, o espaço para o empreendedorismo e as conquistas trabalhistas, já não permite mais a gestão organizacional a partir da cultura do medo.

 

Algumas organizações que ainda atuam com esse clima, fatalmente irão descobrir, mais cedo do que pensam o alto custo em manter tal cultura. Atuar a partir de autoritarismo, estimular a competição sistemática entre colegas, incentivar a indiferença ao outro e explorar os profissionais até o limite da sanidade relacional, é uma das formas mais efetivas de aumentar custos, perder clientes e sair do mercado.

 

Este fenômeno provoca o rompimento dos laços afetivos entre os pares, aumento do individualismo e instauração do ‘pacto do silêncio’, com também o ‘pacto da mediocridade’. As consequências mais comuns são: relações afetivas frias e endurecidas, comprometimento da saúde, da identidade e da dignidade, sentimento de inutilidade, descontentamento e falta de prazer no trabalho, aumento do absenteísmo e diminuição da produtividade.

 

Construir ambientes de trabalho e convivência cujo clima seja saudável é uma questão de retorno à humanidade. É valorizar o que nos constituiu como seres humanos, é primar pela qualidade de vida e pela vida de qualidade, antes de qualquer valor econômico por si mesmo.

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Desenvolvemos uma ferramenta online para avaliarmos as 5 dimensões da cultura da sua empresa/organização.

 

O Exame da Cultura Organizacional foi desenvolvido para identificar os ambientes que compõem a cultura de uma dada organização e como tais ambientes se relacionam com seus resultados, ajudando o gestor a tomar as melhores decisões para promover o desenvolvimento organizacional.

 

Clique aqui para obter um acesso gratuito ao exame. Exame da Cultura da Organização – Homero Reis

Conta-se uma história interessante sobre Michelangelo. Dizem que o mestre do renascimento italiano andava pela cidade de Roma, seguido por alguns alunos. Ao passar por escombros, parou e lhes disse: “Vejam, ali está um anjo!” Os discípulos, perplexos por nada verem, perguntaram ao mestre onde estava o anjo. Michelangelo respondeu: “Está aprisionado naquele pedaço de mármore descartado. Basta tirar da pedra o excesso que ele aparece.” Entusiasmados, os discípulos ajudaram a levar a pedra para o ateliê e o observaram trabalhar intensamente. Ao fim de algumas semanas, lá estava o anjo.

Se a história é verdadeira ou não, pouco importa. O que importa é a lição que ela nos traz – de fato, a beleza se esconde. Para tê-la é necessário o exercício da arte, e arte é o que sustenta a educação, a pintura, a escultura, as relações pessoais – enfim, a vida.

Transformar tudo em arte – esse é o grande projeto dos relacionamentos humanos. Fazer da vida algo belo é o desafio maior. Criar a beleza é fruto da sabedoria. “E viu Deus que isso era bom”, ensinam as Escrituras sobre o ato criador. Trazer a beleza para fora, expô-la, nos faz seres encantados.

No entanto, transformar a vida em arte pressupõe certas habilidades que a história da pedra e do anjo parece nos revelar.

 

Primeiro: há que se ter uma atitude restauradora. Muito provavelmente Michelangelo nutria, todo o tempo, uma visão de mundo onde tudo pode ser construído, melhorado, embelezado – uma mente de artista. Uma pedra jogada fora é algo mais que simplesmente uma pedra jogada fora. Michelangelo era um edificador, alguém capaz de ver anjos onde outros só viam pedra. Alguém capaz de tirar beleza de pedaços desprezados. Nem sempre temos a visão de que as coisas podem ser construídas, restauradas, edificadas. Achamos mais fácil abandonar, jogar fora e comprar algo novo. Um aluno difícil, estigmatizado por colegas e professores, torna-se uma pedra jogada fora. Um relacionamento caracterizado por amarguras transforma os envolvidos em pedras desprezadas. Uma emoção mal dirigida inviabiliza muitas oportunidades.

Muitas vezes, diante de situações como essas, o que fazemos, no máximo, é colocá-las no lixo. É mais fácil abandonar algo que incomoda do que reconstruí-lo. Essa visão imediatista do mundo tira de nós a competência restauradora. O primeiro pensamento que deve nutrir nossas relações, mesmo nos momentos difíceis, é que tudo pode ser reconstruído. Nutrir pensamentos assim nos transforma em artistas.

 

Segundo: há que se ter visão de futuro. A incapacidade de ver o futuro torna nossas decisões expressões da ansiedade, faz de nossas opções um grandioso apelo ao aqui e agora, tira de nós a perspectiva do inefável.

O anjo esculpido por Michelangelo preservou a pedra que estava no lixo. A visão de futuro nos capacita a ter esperanças. Os olhos do futuro são menos imediatistas que os olhos do presente; eles nos fazem ver possibilidades que agora parecem apenas pedras jogadas no lixo.

Ver o futuro é sonhar com a possibilidade. A própria natureza humana ensina isso. Quando vejo uma mulher grávida, sempre penso: ali vai um extraordinário grito da esperança. Engravidar é ter visão de futuro, é construir a esperança. Aliás, certa vez escrevi um poema sobre isso: chama-se Natus est:

 

“Conceber a vida não é apenas engravidar;

É deixar-se fecundar de esperança

É replantar o futuro

É construir a eternidade.

 

É ser parceiro da ternura

É pintar uma lua

É andar descalça e nua

É ter o coração em festa.

 

Conceber a vida é mais que fazer nascer

É montar um amanhecer

Sol que aquece e ilumina

Orvalho que rega e alimenta

Que desperta e faz crescer.

 

Conceber a vida é morrer

É deixar-se consumir nesta paixão

É envolver o coração

É enxergar o que não se vê.”

 

Pensar em nossos atos como construções de futuro dá outro significado às coisas. Corrigir um filho, orientar um aluno, fazer uma promessa, declarar um amor, plantar uma árvore são atos capazes de configurar diversos futuros, conforme a natureza de nossa visão ou de nossos sonhos. Pensar em nós mesmos como construtores de futuro é elevar a vida ao mais alto padrão estabelecido por Deus. É ser capaz de enxergar o que não se vê.

 

Terceiro: é preciso conhecimento e estudo. Michelangelo estava preparado para esculpir, conhecia a técnica, exercitava-se nela. Quanto mais estudo, mais competência. A criação surge sempre de uma mente preparada. As oportunidades pousam em mentes abertas. A ideia de que algo possa acontecer sem preparação é uma ideia infantil e pouco prática. Na melhor das hipóteses, gera uma enorme frustração quando descobrimos que não percebemos as oportunidades porque não tínhamos distinções capazes de vê-las.

Nos dias de hoje, a quantidade de informação disponível e a dinâmica das relações fazem com que as possibilidades estejam presentes a todo tempo. Vê-las é um exercício da capacidade, da sensibilidade e de inspiração. No entanto, essas coisas não são frutos de processos misteriosos; são, isso sim, resultados de muita dedicação e aprendizagem. Existe por aí um universo a ser descoberto, muitos anjos a serem libertos, muitas pedras a esculpir. Mas uma das coisas que se requer para tal façanha é estarmos preparados para enfrentar as pedras e transformá-las em arte. Isso é fruto de trabalho, conhecimento e técnica.

As antenas captam sinais. No entanto, não há vantagem alguma em uma antena captar sinais fortes. Toda antena deve fazer isso. Boas antenas, por sua vez, captam sinais fracos. Aí está o diferencial. Ver o que todos veem nos faz iguais. Ver o que alguns veem nos faz menos gerais. Ver o que ninguém vê nos permite esculpir o futuro, construir uma nova história, criar possibilidades. Nada há que substitua o conhecimento, e não há conhe­cimento sem esforço.

 

Quarto: capacidade de contemplarMichelangelo andava pelas ruas de Roma com os olhos atentos. Olhos de quem sabe desfrutar o que vê. Nada passa despercebido a quem tem o coração preocupado em contemplar. “Olhai os lírios do campo”, dizia Jesus. Eles não tecem nem fiam; no entanto, nem Salomão se vestiu como eles. Contemplar é desenvolver a capacidade divina de ver que o que é bom.

“E viu Deus que isso era bom”. Creio que Deus fez as coisas, contemplou-as e só depois declarou que eram boas coisas. No entanto, quando acabou de fazer o homem e o contemplou, descobriu que faltava algo. “Não é bom que o homem esteja só.” Deus descobriu o que estava faltando porque contemplou o que fez. Na contemplação não só descubro a beleza, como também descubro o outro. Contemplar é investir tempo na descoberta do que me cerca para ser capaz de usufruir da beleza – alimento da alma. Contemplar é permitir que se desenvolva a generosidade e a gratidão. Quem não contempla não sabe o que agradecer. Quem não sabe agradecer ainda não aprendeu a contemplar. Olhem os lírios, olhem as nuvens, olhem uns aos outros, olhem a árvore sem folhas, olhem o jardim florido, olhem a dor e o sorriso, olhem a vida e a morte. Enxerguem o Pai. Olhem sem pressa e vejam que em tudo há beleza, mesmo nos escombros.

 

Quinto: trabalho, esforço, envolvimento e empenho. A beleza não se dá por acaso, é fruto de uma boa jornada de trabalho. “Doce é o sono do trabalhador”, declaram as Escrituras. Aquela pedra achada por Michelangelo e colocada no ateliê foi alvo de muito suor. Martelo, cinzel e muita força foram utilizados para desbastar o mármore. A construção da arte e da vida exige do artista trabalho e empenho. De início, golpes fortes, inserções profundas, instrumentos duros – depois, instrumentos finos, golpes mais delicados e precisos, e por fim polimento suave e gentil.

Na medida em que se cresce, refina-se o cuidado, aprofunda-se o sentido, imortaliza-se… Na vida também a coisa funciona assim. Nas diversas fases pelas quais passamos, necessitamos de instrumentos específicos para nos moldar e para sermos moldados.

No entanto, nada substitui o trabalho, o esforço pessoal e o envolvimento. Michelangelo envolveu-se com a obra, envolveu-se com a pedra, envolveu-se com o futuro. Uma das indicações mais objetivas da qualidade da vida relacional é perceber o quanto estamos envolvidos com nossos projetos de vida, e a quantos envolvemos, com quantos nos relacionamos. Aqui está uma das grandes funções da comunidade e da amizade. “Não deixemos nossa congregação como fazem alguns”, ensina a carta aos hebreus. É triste estar só. A beleza e a arte de viver bem não são atributos da sorte nem das facilidades almejadas por nossas ilusões. Antes de tudo, são construções que, para terem consistência, para se tornarem em anjo, devem ser lavradas a partir do duro mármore.

A vida nos coloca em situações diversas, como colocou aquela pedra no caminho de Michelangelo. Trabalhar as situações com coragem e determinação faz de nós pessoas mais inteiras, mais resistentes às intempéries, menos volúveis e mais livres. Acima de tudo, pessoas que conseguem fazer anjos a partir de pedras.

Por fim, há uma habilidade ensinada pelo próprio mármore – há que se deixar moldar. O mármore se permite esculpir. Resiste, é fato. Mas também se entrega ao cuidado do artista. Submete-se ao ato criador de outrem, admite que a beleza precisa de um outro para elaborá-la a partir dos elementos com os quais se relaciona.

Somos esculturas e escultores, simultaneamente. Interferimos na vida uns dos outros, conscientemente ou não. Às vezes cinzelamos com força, ferimos muito; outras somos negligentes, deixamos de cuidar dos detalhes. Mas o que importa sempre é descobrir que podemos cuidar do outro. É mister descobrir o outro como uma possibilidade. O modo como fazemos isso faz toda a diferença. Somos treinados para ser escultores; falta-nos mansidão para sermos esculpidos. A paixão de Cristo, tão bem retratada pelo filme de Gibson, é, talvez, o mais eloquente de todos os apelos a esse princípio. Não vivemos como queremos, mas vivemos a partir do que tornamos possível ou do que aprendemos a admitir como possível. Vivemos na dimensão relacional.

Assim conta-se a história do anjo e da pedra. Nada é tão resistente e tão dócil como esses dois seres. Nada é mais verdadeiro que as lições que inspiram.

Quando estava na Espanha, fui visitar o museu da rainha Sofia. Lá havia uma exposição de instalações. Após visitar vários salões, um chamou-me a atenção em particular. Era uma instalação feita com papel higiênico, tinta e resina: linda, etérea, diferente, serena. O folheto explicativo dizia: “Valor do material: quinhentos euros: valor da obra – um milhão de euros.” Que coisa extraordinária! Não importa o material que se tem, tudo pode ser transformado em arte quando a genialidade criativa e a honestidade relacional estão postas a serviço da beleza.

Você pode encontrar mais histórias como essa no meu livro “A Branca de Neve e os Sistemas Gerenciais”, adquira agora!

De repente, você foi designado para liderar um grupo ou assumiu uma posição de gestão de um setor. As pessoas que lá estavam, não escolheram você. Por outro lado, elas também não foram escolhidas por você. E agora, como conquistar a confiança dessa equipe?
Essa situação me tem sido proposta por muitos de meus clientes. Se por um lado, o fenômeno é corriqueiro, por outro, as respostas não estão em nenhum manual.
Portanto, quero apresentar a você o que tenho feito em função dos resultados que se tem obtido para tais situações. Vamos lá.

EQUIPES RESISTENTES

Do ponto de vista conceitual, precisamos entender que o que acontece num caso como esse é explicado por aquilo que costumo chamar de “geopolítica”; ou seja, o poder em função do espaço.
Os seres humanos são seres territoriais. Isso quer dizer que nosso território é parte de nossa identidade.
Não estou falando apenas do espaço físico, mas também do espaço relacional. Os grupos, times, equipes etc. têm a tendência natural de ver as relações internas como espaços onde o poder se equilibra para  integrar a identidade das pessoas que compõem aquele grupo.
Então, quando alguém “cai de paraquedas” no grupo, a tendência natural das pessoas é se defenderem do “estranho”. As pessoas resistem a quem está chegando nessas condições.
Existem muitos outras razões para essa resistência, mas uma, muito comum, decorre do fato de que o grupo costuma legitimar sua identidade a partir da historicidade.
Quanto mais histórias temos juntos, mais somos parte uns dos outros. Aí, chega alguém que não faz parte dessa história… “Chega depois que o trem partiu e quer sentar na janela? Não vai rolar…”

3 PILARES DA CONFIANÇA

A questão que está sustentando a resistência do grupo, no fundo, é a desconfiança que se tem em relação ao “novato”. Para se enfrentar isso e construir (ou reconstruir) a confiança, é fundamental que aquele que chega na condição de novo gestor seja capaz de discernir três elementos: a sinceridade, a competência e a responsabilidade.
  1. Sinceridade
O grupo espera que o “chegante” tenha um atitude sincera; que seja capaz de expressar de modo honesto e gentil as suas próprias dificuldades. 
A sinceridade, só para deixar claro, não é “dizer o que pensa”. Antes, é ser capaz de expor seus sentimentos numa emocionalidade que possibilite que os outros o escutem a partir de um desejo honesto de honrar o grupo e de oferecer-se como possibilidade.
Essa atitude sincera, normalmente neutraliza a prepotência, a arrogância e cria um espaço relacional onde é possível começar uma nova forma ou possibilidade de caminhar.
  1.  Competência
 O grupo espera evidências claras de que você é capaz de fazer o que diz com objetividade técnica e relacional a partir de altos critérios de qualidade. 
Normalmente, os grupos tendem a valorizar quem acrescenta e contribui a partir de diferenciais de competência. Mas, se isso não é um atributo seu, naquela circunstância, lembre-se de que a “capacidade de aprender” é um dos traços de identidade de líderes e gestores de alto desempenho.
  1.  Responsabilidade
O grupo espera que o líder não terceirize as coisas. Ter responsabilidade é assumir o que diz, pensa e faz, sem rodeios. Quando o líder ou gestor atua a partir da responsabilidade, os “seguidores” se sentem protegidos e representados por aquele que os representa.
Então, agir com responsabilidade é minimizar as explicações e justificativas, e maximizar os resultados coletivos. Se deu certo foi o grupo, se deu errado eu (como líder) assumo.
“O  sucesso é sempre resultado do time e, os erros, responsabilidade do líder.” Peter Drucker
Esses três elementos criam no grupo o senso de “organismo”, ou de sistema orgânico. As pessoas passam a atuar constituindo-se como um “ser vivo” em plena interação com o meio, sendo capaz de integrar tudo aquilo que os torna mais efetivos e plenos.
Esses três elementos também são a base da confiança. Portanto, você se torna confiável quando evidencia, em seu modo da ser e agir, a sinceridade, a competência e a responsabilidade.
Neste vídeo, eu trago mais elementos sobre o assunto:

UMA QUESTÃO DE TEMPO

É claro que esse processo não é automático e nem imediato. É necessário ter um tempo vivencial com o novo grupo para que ele perceba o modo coerente como você se conduz em suas relações com ele.
O desafio é: seja confiável e coerente, e permita que sua sinceridade, competência e responsabilidade façam o trabalho de lhe dar a autoridade e o respeito que você merece. 
Essa tem sido a forma que muitos de meus clientes têm conseguido resolver a questão de assumir equipes que não foram escolhidas por eles. Espero também ter ajudado você.

Dia desses visitava um cliente. Enquanto o aguardava fiquei na sala de espera observando a dinâmica dos colaboradores daquela empresa. Atento às falas, aos movimentos e comportamentos dos profissionais dali, pude observar algo que sempre me chama a atenção: o clima organizacional.

 

Segundo o Portal RH (http://www.rhportal.com.br/artigos), Clima Organizacional é o conjunto de propriedades mensuráveis do ambiente de trabalho percebido, direta ou indiretamente pelos indivíduos que vivem e trabalham neste ambiente e que influencia a motivação, o comportamento, a produtividade e os relacionamentos dessas pessoas.

 

Do ponto de vista organizacional, clima é o indicador de satisfação dos membros de um sistema produtivo qualquer, em relação aos diferentes aspectos da cultura ou realidade aparente desse sistema, tais como: políticas de RH, modelo de gestão, processos de comunicação, valorização profissional e identificação com a empresa e relacionamentos.

 

A organização e as condições de trabalho, bem como as relações entre os colaboradores condicionam em grande parte a qualidade da vida e os resultados corporativos. Construir um clima propício para o trabalho e a convivência em grupo é estar contribuindo no desenvolvimento concreto e pessoal de todos os elementos fundamentais que nos fazem seres humanos: autonomia, legitimidade, diferenças e liberdade, tanto no domínio individual como social.

 

No tempo em que fiquei esperando meu cliente, observei um elevado grau de ansiedade das pessoas, instabilidade de humor, relacionamentos indelicados, muita movimentação, muito individualismo e pouco resultado. As pessoas cumpriam seu papel no trabalho como se aquilo fosse um fardo bastante pesado. Era visível a enorme quantidade de energia usada para manter as coisas mais ou menos sob controle, desviando-as dos fatores produtivos e relacionais realmente necessários.

 

Pois bem, para se melhorar o clima organizacional é necessário entender um pouco mais fundo a questão dos relacionamentos humanos.

 

As relações entre pessoas nos sistemas organizados ocorrem a partir de dois movimentos: vertical e horizontal.

 

O movimento vertical se caracteriza pelas relações hierárquicas. Tradicionalmente tal movimento era construído por ações desumanas e unilaterais, onde predominava

os desmandos, a manipulação pelo medo, a competitividade entre colegas e a insegurança entre as pessoas. Com a humanização dos processos gerenciais e a reorganização do trabalho, novas características foram incorporadas a esse movimento: qualificação, polifuncionalidade, visão sistêmica do processo produtivo, rotação das tarefas, autonomia, flexibilização e harmonia relacional.

 

A tendência, hoje, observada em organizações de alto desempenho, é ter colaboradores com maior escolaridade, competência, eficiência, espírito competitivo, criatividade, qualificação e empregabilidade. Tal política, no entanto, visa um melhor ambiente e uma maior produção, obtida antes, pela eficiência e pelo trabalho intelectual do que pelo excesso do esforço físico. Isso inclui agilidade das empresas diante do mercado, sem perder a noção de qualidade relacional que deve ser a tônica do clima onde se realiza o trabalho.

 

Significa também, atender às demandas do mercado, o que leva os profissionais a terem que se adaptar e aceitar as constantes mudanças e novas exigências das políticas competitivas no mercado global, bem como construir relações internas que promovam a saúde e a qualidade de vida. Manter essa equidade é, hoje, sinônimo de eficiência.

 

O fenômeno horizontal está relacionado à pressão para produção. Tradicionalmente isso era feito, devido à instabilidade do mercado, a partir do medo que a perda do emprego gerava e as poucas alternativas formais que se tinha até então de manter-se empregado. O enraizamento e a disseminação do medo no ambiente de trabalho criavam possibilidades de atos individualistas e tolerância às práticas autoritárias que sustentavam a cultura da subserviência. No entanto, esse fato, hoje, está mudando. A estabilidade econômica, o espaço para o empreendedorismo e as conquistas trabalhistas, já não permite mais a gestão organizacional a partir da cultura do medo.

 

Algumas organizações que ainda atuam com esse clima, fatalmente irão descobrir, mais cedo do que pensam o alto custo em manter tal cultura. Atuar a partir de autoritarismo, estimular a competição sistemática entre colegas, incentivar a indiferença ao outro e explorar os profissionais até o limite da sanidade relacional, é uma das formas mais efetivas de aumentar custos, perder clientes e sair do mercado.

 

Este fenômeno provoca o rompimento dos laços afetivos entre os pares, aumento do individualismo e instauração do ‘pacto do silêncio’, com também o ‘pacto da mediocridade’. As consequências mais comuns são: relações afetivas frias e endurecidas, comprometimento da saúde, da identidade e da dignidade, sentimento de inutilidade, descontentamento e falta de prazer no trabalho, aumento do absenteísmo e diminuição da produtividade.

 

Construir ambientes de trabalho e convivência cujo clima seja saudável é uma questão de retorno à humanidade. É valorizar o que nos constituiu como seres humanos, é primar pela qualidade de vida e pela vida de qualidade, antes de qualquer valor econômico por si mesmo.

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Desenvolvemos uma ferramenta online para avaliarmos as 5 dimensões da cultura da sua empresa/organização.

 

O Exame da Cultura Organizacional foi desenvolvido para identificar os ambientes que compõem a cultura de uma dada organização e como tais ambientes se relacionam com seus resultados, ajudando o gestor a tomar as melhores decisões para promover o desenvolvimento organizacional.

 

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Conta-se uma história interessante sobre Michelangelo. Dizem que o mestre do renascimento italiano andava pela cidade de Roma, seguido por alguns alunos. Ao passar por escombros, parou e lhes disse: “Vejam, ali está um anjo!” Os discípulos, perplexos por nada verem, perguntaram ao mestre onde estava o anjo. Michelangelo respondeu: “Está aprisionado naquele pedaço de mármore descartado. Basta tirar da pedra o excesso que ele aparece.” Entusiasmados, os discípulos ajudaram a levar a pedra para o ateliê e o observaram trabalhar intensamente. Ao fim de algumas semanas, lá estava o anjo.

Se a história é verdadeira ou não, pouco importa. O que importa é a lição que ela nos traz – de fato, a beleza se esconde. Para tê-la é necessário o exercício da arte, e arte é o que sustenta a educação, a pintura, a escultura, as relações pessoais – enfim, a vida.

Transformar tudo em arte – esse é o grande projeto dos relacionamentos humanos. Fazer da vida algo belo é o desafio maior. Criar a beleza é fruto da sabedoria. “E viu Deus que isso era bom”, ensinam as Escrituras sobre o ato criador. Trazer a beleza para fora, expô-la, nos faz seres encantados.

No entanto, transformar a vida em arte pressupõe certas habilidades que a história da pedra e do anjo parece nos revelar.

 

Primeiro: há que se ter uma atitude restauradora. Muito provavelmente Michelangelo nutria, todo o tempo, uma visão de mundo onde tudo pode ser construído, melhorado, embelezado – uma mente de artista. Uma pedra jogada fora é algo mais que simplesmente uma pedra jogada fora. Michelangelo era um edificador, alguém capaz de ver anjos onde outros só viam pedra. Alguém capaz de tirar beleza de pedaços desprezados. Nem sempre temos a visão de que as coisas podem ser construídas, restauradas, edificadas. Achamos mais fácil abandonar, jogar fora e comprar algo novo. Um aluno difícil, estigmatizado por colegas e professores, torna-se uma pedra jogada fora. Um relacionamento caracterizado por amarguras transforma os envolvidos em pedras desprezadas. Uma emoção mal dirigida inviabiliza muitas oportunidades.

Muitas vezes, diante de situações como essas, o que fazemos, no máximo, é colocá-las no lixo. É mais fácil abandonar algo que incomoda do que reconstruí-lo. Essa visão imediatista do mundo tira de nós a competência restauradora. O primeiro pensamento que deve nutrir nossas relações, mesmo nos momentos difíceis, é que tudo pode ser reconstruído. Nutrir pensamentos assim nos transforma em artistas.

 

Segundo: há que se ter visão de futuro. A incapacidade de ver o futuro torna nossas decisões expressões da ansiedade, faz de nossas opções um grandioso apelo ao aqui e agora, tira de nós a perspectiva do inefável.

O anjo esculpido por Michelangelo preservou a pedra que estava no lixo. A visão de futuro nos capacita a ter esperanças. Os olhos do futuro são menos imediatistas que os olhos do presente; eles nos fazem ver possibilidades que agora parecem apenas pedras jogadas no lixo.

Ver o futuro é sonhar com a possibilidade. A própria natureza humana ensina isso. Quando vejo uma mulher grávida, sempre penso: ali vai um extraordinário grito da esperança. Engravidar é ter visão de futuro, é construir a esperança. Aliás, certa vez escrevi um poema sobre isso: chama-se Natus est:

 

“Conceber a vida não é apenas engravidar;

É deixar-se fecundar de esperança

É replantar o futuro

É construir a eternidade.

 

É ser parceiro da ternura

É pintar uma lua

É andar descalça e nua

É ter o coração em festa.

 

Conceber a vida é mais que fazer nascer

É montar um amanhecer

Sol que aquece e ilumina

Orvalho que rega e alimenta

Que desperta e faz crescer.

 

Conceber a vida é morrer

É deixar-se consumir nesta paixão

É envolver o coração

É enxergar o que não se vê.”

 

Pensar em nossos atos como construções de futuro dá outro significado às coisas. Corrigir um filho, orientar um aluno, fazer uma promessa, declarar um amor, plantar uma árvore são atos capazes de configurar diversos futuros, conforme a natureza de nossa visão ou de nossos sonhos. Pensar em nós mesmos como construtores de futuro é elevar a vida ao mais alto padrão estabelecido por Deus. É ser capaz de enxergar o que não se vê.

 

Terceiro: é preciso conhecimento e estudo. Michelangelo estava preparado para esculpir, conhecia a técnica, exercitava-se nela. Quanto mais estudo, mais competência. A criação surge sempre de uma mente preparada. As oportunidades pousam em mentes abertas. A ideia de que algo possa acontecer sem preparação é uma ideia infantil e pouco prática. Na melhor das hipóteses, gera uma enorme frustração quando descobrimos que não percebemos as oportunidades porque não tínhamos distinções capazes de vê-las.

Nos dias de hoje, a quantidade de informação disponível e a dinâmica das relações fazem com que as possibilidades estejam presentes a todo tempo. Vê-las é um exercício da capacidade, da sensibilidade e de inspiração. No entanto, essas coisas não são frutos de processos misteriosos; são, isso sim, resultados de muita dedicação e aprendizagem. Existe por aí um universo a ser descoberto, muitos anjos a serem libertos, muitas pedras a esculpir. Mas uma das coisas que se requer para tal façanha é estarmos preparados para enfrentar as pedras e transformá-las em arte. Isso é fruto de trabalho, conhecimento e técnica.

As antenas captam sinais. No entanto, não há vantagem alguma em uma antena captar sinais fortes. Toda antena deve fazer isso. Boas antenas, por sua vez, captam sinais fracos. Aí está o diferencial. Ver o que todos veem nos faz iguais. Ver o que alguns veem nos faz menos gerais. Ver o que ninguém vê nos permite esculpir o futuro, construir uma nova história, criar possibilidades. Nada há que substitua o conhecimento, e não há conhe­cimento sem esforço.

 

Quarto: capacidade de contemplarMichelangelo andava pelas ruas de Roma com os olhos atentos. Olhos de quem sabe desfrutar o que vê. Nada passa despercebido a quem tem o coração preocupado em contemplar. “Olhai os lírios do campo”, dizia Jesus. Eles não tecem nem fiam; no entanto, nem Salomão se vestiu como eles. Contemplar é desenvolver a capacidade divina de ver que o que é bom.

“E viu Deus que isso era bom”. Creio que Deus fez as coisas, contemplou-as e só depois declarou que eram boas coisas. No entanto, quando acabou de fazer o homem e o contemplou, descobriu que faltava algo. “Não é bom que o homem esteja só.” Deus descobriu o que estava faltando porque contemplou o que fez. Na contemplação não só descubro a beleza, como também descubro o outro. Contemplar é investir tempo na descoberta do que me cerca para ser capaz de usufruir da beleza – alimento da alma. Contemplar é permitir que se desenvolva a generosidade e a gratidão. Quem não contempla não sabe o que agradecer. Quem não sabe agradecer ainda não aprendeu a contemplar. Olhem os lírios, olhem as nuvens, olhem uns aos outros, olhem a árvore sem folhas, olhem o jardim florido, olhem a dor e o sorriso, olhem a vida e a morte. Enxerguem o Pai. Olhem sem pressa e vejam que em tudo há beleza, mesmo nos escombros.

 

Quinto: trabalho, esforço, envolvimento e empenho. A beleza não se dá por acaso, é fruto de uma boa jornada de trabalho. “Doce é o sono do trabalhador”, declaram as Escrituras. Aquela pedra achada por Michelangelo e colocada no ateliê foi alvo de muito suor. Martelo, cinzel e muita força foram utilizados para desbastar o mármore. A construção da arte e da vida exige do artista trabalho e empenho. De início, golpes fortes, inserções profundas, instrumentos duros – depois, instrumentos finos, golpes mais delicados e precisos, e por fim polimento suave e gentil.

Na medida em que se cresce, refina-se o cuidado, aprofunda-se o sentido, imortaliza-se… Na vida também a coisa funciona assim. Nas diversas fases pelas quais passamos, necessitamos de instrumentos específicos para nos moldar e para sermos moldados.

No entanto, nada substitui o trabalho, o esforço pessoal e o envolvimento. Michelangelo envolveu-se com a obra, envolveu-se com a pedra, envolveu-se com o futuro. Uma das indicações mais objetivas da qualidade da vida relacional é perceber o quanto estamos envolvidos com nossos projetos de vida, e a quantos envolvemos, com quantos nos relacionamos. Aqui está uma das grandes funções da comunidade e da amizade. “Não deixemos nossa congregação como fazem alguns”, ensina a carta aos hebreus. É triste estar só. A beleza e a arte de viver bem não são atributos da sorte nem das facilidades almejadas por nossas ilusões. Antes de tudo, são construções que, para terem consistência, para se tornarem em anjo, devem ser lavradas a partir do duro mármore.

A vida nos coloca em situações diversas, como colocou aquela pedra no caminho de Michelangelo. Trabalhar as situações com coragem e determinação faz de nós pessoas mais inteiras, mais resistentes às intempéries, menos volúveis e mais livres. Acima de tudo, pessoas que conseguem fazer anjos a partir de pedras.

Por fim, há uma habilidade ensinada pelo próprio mármore – há que se deixar moldar. O mármore se permite esculpir. Resiste, é fato. Mas também se entrega ao cuidado do artista. Submete-se ao ato criador de outrem, admite que a beleza precisa de um outro para elaborá-la a partir dos elementos com os quais se relaciona.

Somos esculturas e escultores, simultaneamente. Interferimos na vida uns dos outros, conscientemente ou não. Às vezes cinzelamos com força, ferimos muito; outras somos negligentes, deixamos de cuidar dos detalhes. Mas o que importa sempre é descobrir que podemos cuidar do outro. É mister descobrir o outro como uma possibilidade. O modo como fazemos isso faz toda a diferença. Somos treinados para ser escultores; falta-nos mansidão para sermos esculpidos. A paixão de Cristo, tão bem retratada pelo filme de Gibson, é, talvez, o mais eloquente de todos os apelos a esse princípio. Não vivemos como queremos, mas vivemos a partir do que tornamos possível ou do que aprendemos a admitir como possível. Vivemos na dimensão relacional.

Assim conta-se a história do anjo e da pedra. Nada é tão resistente e tão dócil como esses dois seres. Nada é mais verdadeiro que as lições que inspiram.

Quando estava na Espanha, fui visitar o museu da rainha Sofia. Lá havia uma exposição de instalações. Após visitar vários salões, um chamou-me a atenção em particular. Era uma instalação feita com papel higiênico, tinta e resina: linda, etérea, diferente, serena. O folheto explicativo dizia: “Valor do material: quinhentos euros: valor da obra – um milhão de euros.” Que coisa extraordinária! Não importa o material que se tem, tudo pode ser transformado em arte quando a genialidade criativa e a honestidade relacional estão postas a serviço da beleza.

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De repente, você foi designado para liderar um grupo ou assumiu uma posição de gestão de um setor. As pessoas que lá estavam, não escolheram você. Por outro lado, elas também não foram escolhidas por você. E agora, como conquistar a confiança dessa equipe?
Essa situação me tem sido proposta por muitos de meus clientes. Se por um lado, o fenômeno é corriqueiro, por outro, as respostas não estão em nenhum manual.
Portanto, quero apresentar a você o que tenho feito em função dos resultados que se tem obtido para tais situações. Vamos lá.

EQUIPES RESISTENTES

Do ponto de vista conceitual, precisamos entender que o que acontece num caso como esse é explicado por aquilo que costumo chamar de “geopolítica”; ou seja, o poder em função do espaço.
Os seres humanos são seres territoriais. Isso quer dizer que nosso território é parte de nossa identidade.
Não estou falando apenas do espaço físico, mas também do espaço relacional. Os grupos, times, equipes etc. têm a tendência natural de ver as relações internas como espaços onde o poder se equilibra para  integrar a identidade das pessoas que compõem aquele grupo.
Então, quando alguém “cai de paraquedas” no grupo, a tendência natural das pessoas é se defenderem do “estranho”. As pessoas resistem a quem está chegando nessas condições.
Existem muitos outras razões para essa resistência, mas uma, muito comum, decorre do fato de que o grupo costuma legitimar sua identidade a partir da historicidade.
Quanto mais histórias temos juntos, mais somos parte uns dos outros. Aí, chega alguém que não faz parte dessa história… “Chega depois que o trem partiu e quer sentar na janela? Não vai rolar…”

3 PILARES DA CONFIANÇA

A questão que está sustentando a resistência do grupo, no fundo, é a desconfiança que se tem em relação ao “novato”. Para se enfrentar isso e construir (ou reconstruir) a confiança, é fundamental que aquele que chega na condição de novo gestor seja capaz de discernir três elementos: a sinceridade, a competência e a responsabilidade.
  1. Sinceridade
O grupo espera que o “chegante” tenha um atitude sincera; que seja capaz de expressar de modo honesto e gentil as suas próprias dificuldades. 
A sinceridade, só para deixar claro, não é “dizer o que pensa”. Antes, é ser capaz de expor seus sentimentos numa emocionalidade que possibilite que os outros o escutem a partir de um desejo honesto de honrar o grupo e de oferecer-se como possibilidade.
Essa atitude sincera, normalmente neutraliza a prepotência, a arrogância e cria um espaço relacional onde é possível começar uma nova forma ou possibilidade de caminhar.
  1.  Competência
 O grupo espera evidências claras de que você é capaz de fazer o que diz com objetividade técnica e relacional a partir de altos critérios de qualidade. 
Normalmente, os grupos tendem a valorizar quem acrescenta e contribui a partir de diferenciais de competência. Mas, se isso não é um atributo seu, naquela circunstância, lembre-se de que a “capacidade de aprender” é um dos traços de identidade de líderes e gestores de alto desempenho.
  1.  Responsabilidade
O grupo espera que o líder não terceirize as coisas. Ter responsabilidade é assumir o que diz, pensa e faz, sem rodeios. Quando o líder ou gestor atua a partir da responsabilidade, os “seguidores” se sentem protegidos e representados por aquele que os representa.
Então, agir com responsabilidade é minimizar as explicações e justificativas, e maximizar os resultados coletivos. Se deu certo foi o grupo, se deu errado eu (como líder) assumo.
“O  sucesso é sempre resultado do time e, os erros, responsabilidade do líder.” Peter Drucker
Esses três elementos criam no grupo o senso de “organismo”, ou de sistema orgânico. As pessoas passam a atuar constituindo-se como um “ser vivo” em plena interação com o meio, sendo capaz de integrar tudo aquilo que os torna mais efetivos e plenos.
Esses três elementos também são a base da confiança. Portanto, você se torna confiável quando evidencia, em seu modo da ser e agir, a sinceridade, a competência e a responsabilidade.
Neste vídeo, eu trago mais elementos sobre o assunto:

UMA QUESTÃO DE TEMPO

É claro que esse processo não é automático e nem imediato. É necessário ter um tempo vivencial com o novo grupo para que ele perceba o modo coerente como você se conduz em suas relações com ele.
O desafio é: seja confiável e coerente, e permita que sua sinceridade, competência e responsabilidade façam o trabalho de lhe dar a autoridade e o respeito que você merece. 
Essa tem sido a forma que muitos de meus clientes têm conseguido resolver a questão de assumir equipes que não foram escolhidas por eles. Espero também ter ajudado você.

Dia desses visitava um cliente. Enquanto o aguardava fiquei na sala de espera observando a dinâmica dos colaboradores daquela empresa. Atento às falas, aos movimentos e comportamentos dos profissionais dali, pude observar algo que sempre me chama a atenção: o clima organizacional.

 

Segundo o Portal RH (http://www.rhportal.com.br/artigos), Clima Organizacional é o conjunto de propriedades mensuráveis do ambiente de trabalho percebido, direta ou indiretamente pelos indivíduos que vivem e trabalham neste ambiente e que influencia a motivação, o comportamento, a produtividade e os relacionamentos dessas pessoas.

 

Do ponto de vista organizacional, clima é o indicador de satisfação dos membros de um sistema produtivo qualquer, em relação aos diferentes aspectos da cultura ou realidade aparente desse sistema, tais como: políticas de RH, modelo de gestão, processos de comunicação, valorização profissional e identificação com a empresa e relacionamentos.

 

A organização e as condições de trabalho, bem como as relações entre os colaboradores condicionam em grande parte a qualidade da vida e os resultados corporativos. Construir um clima propício para o trabalho e a convivência em grupo é estar contribuindo no desenvolvimento concreto e pessoal de todos os elementos fundamentais que nos fazem seres humanos: autonomia, legitimidade, diferenças e liberdade, tanto no domínio individual como social.

 

No tempo em que fiquei esperando meu cliente, observei um elevado grau de ansiedade das pessoas, instabilidade de humor, relacionamentos indelicados, muita movimentação, muito individualismo e pouco resultado. As pessoas cumpriam seu papel no trabalho como se aquilo fosse um fardo bastante pesado. Era visível a enorme quantidade de energia usada para manter as coisas mais ou menos sob controle, desviando-as dos fatores produtivos e relacionais realmente necessários.

 

Pois bem, para se melhorar o clima organizacional é necessário entender um pouco mais fundo a questão dos relacionamentos humanos.

 

As relações entre pessoas nos sistemas organizados ocorrem a partir de dois movimentos: vertical e horizontal.

 

O movimento vertical se caracteriza pelas relações hierárquicas. Tradicionalmente tal movimento era construído por ações desumanas e unilaterais, onde predominava

os desmandos, a manipulação pelo medo, a competitividade entre colegas e a insegurança entre as pessoas. Com a humanização dos processos gerenciais e a reorganização do trabalho, novas características foram incorporadas a esse movimento: qualificação, polifuncionalidade, visão sistêmica do processo produtivo, rotação das tarefas, autonomia, flexibilização e harmonia relacional.

 

A tendência, hoje, observada em organizações de alto desempenho, é ter colaboradores com maior escolaridade, competência, eficiência, espírito competitivo, criatividade, qualificação e empregabilidade. Tal política, no entanto, visa um melhor ambiente e uma maior produção, obtida antes, pela eficiência e pelo trabalho intelectual do que pelo excesso do esforço físico. Isso inclui agilidade das empresas diante do mercado, sem perder a noção de qualidade relacional que deve ser a tônica do clima onde se realiza o trabalho.

 

Significa também, atender às demandas do mercado, o que leva os profissionais a terem que se adaptar e aceitar as constantes mudanças e novas exigências das políticas competitivas no mercado global, bem como construir relações internas que promovam a saúde e a qualidade de vida. Manter essa equidade é, hoje, sinônimo de eficiência.

 

O fenômeno horizontal está relacionado à pressão para produção. Tradicionalmente isso era feito, devido à instabilidade do mercado, a partir do medo que a perda do emprego gerava e as poucas alternativas formais que se tinha até então de manter-se empregado. O enraizamento e a disseminação do medo no ambiente de trabalho criavam possibilidades de atos individualistas e tolerância às práticas autoritárias que sustentavam a cultura da subserviência. No entanto, esse fato, hoje, está mudando. A estabilidade econômica, o espaço para o empreendedorismo e as conquistas trabalhistas, já não permite mais a gestão organizacional a partir da cultura do medo.

 

Algumas organizações que ainda atuam com esse clima, fatalmente irão descobrir, mais cedo do que pensam o alto custo em manter tal cultura. Atuar a partir de autoritarismo, estimular a competição sistemática entre colegas, incentivar a indiferença ao outro e explorar os profissionais até o limite da sanidade relacional, é uma das formas mais efetivas de aumentar custos, perder clientes e sair do mercado.

 

Este fenômeno provoca o rompimento dos laços afetivos entre os pares, aumento do individualismo e instauração do ‘pacto do silêncio’, com também o ‘pacto da mediocridade’. As consequências mais comuns são: relações afetivas frias e endurecidas, comprometimento da saúde, da identidade e da dignidade, sentimento de inutilidade, descontentamento e falta de prazer no trabalho, aumento do absenteísmo e diminuição da produtividade.

 

Construir ambientes de trabalho e convivência cujo clima seja saudável é uma questão de retorno à humanidade. É valorizar o que nos constituiu como seres humanos, é primar pela qualidade de vida e pela vida de qualidade, antes de qualquer valor econômico por si mesmo.

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