Um dia, o porco e a galinha foram desafiados pelo fazendeiro a preparar um café da manhã diferente a cada dia da semana pelas próximas duas semanas.
No caso de falha, definida pela falta de um cardápio variado em um desses dias, o café da manhã seria preparado pelo próprio fazendeiro que, sem opção, prepararia linguiça com ovos.
Motivados, o porco e a galinha, empenharam-se a cumprir a missão e entregar um cardápio diferente conforme a demanda do fazendeiro.
Nos primeiros dias, tudo correu bem.
O porco começava o dia, proativamente, a pensar no cardápio para o dia seguinte e a planejar as tarefas necessárias para obter os resultados desejados.
Com o passar dos dias, as “novidades” foram ficando cada vez mais difíceis.
A galinha, por sua vez, gastava seu tempo ciscando o chão em busca de minhocas e demais derivativos oferecidos pelo ambiente.
Nada parecia lhe preocupar, mesmo quando “as novidades” não estavam tão inovadoras assim.
Um dia, o porco, assustado com os possíveis resultados dessa situação, chama a galinha para uma conversa.
– Você não está preocupada com nossos resultados e o nosso futuro?
– Não, respondeu a galinha. Eu tenho oferecido um ovo todos os dias e o fazendeiro parece-me feliz.
– É – respondeu o porco -, mas eu serei a linguiça.” (autor desconhecido)
A história da galinha e do porco evidenciam dois pontos de vista desafiadores, quando se fala sobre comprometimento.
Existem pessoas que estão comprometidas com as coisas, enquanto outras apenas se envolvem.
O porco está comprometido, afinal a linguiça requer “sua vida”.
Já a galinha está apenas envolvida. Ela só precisa botar mais um ovo.
É claro que a fábula é uma metáfora e deve ser entendida como tal.
As lições que podemos extrair dela, decorrem da questão de se saber o que faz a diferença entre compromisso e envolvimento.
Comprometimento está relacionado diretamente com o propósito da vida. Quando alguém está comprometido, está empenhado em algo que reflete sua própria natureza e identidade.
O envolvimento, por sua vez, requer uma resposta mais instrumental, embora seja uma boa resposta. A galinha, de fato, produz o que “foi contratado”, mas o que se espera é “algo mais” dos líderes e das equipes de alto desempenho.
Veja bem, todos os grandes “avatares” de nossa cultura, no que se refere a líderes, foram pessoas comprometidas com suas causas.
Jesus, Sidarta Gautama (o Buda), Mandela, Madre Tereza de Calcutá, entre outros, tinham uma missão que jamais poderia ser “monetarizada”.
Em outras palavras, essas e tantas outras referências que temos, não faziam o que faziam por uma remuneração no final do mês. Eles estavam “metidos visceralmente” em suas atividades e todas as suas tarefas, condutas e relacionamentos estavam orientados para a missão que acreditavam.
Seus seguidores também foram desafiados a terem os mesmos valores e compromissos. Tanto é que, os resultados da vida dessas pessoas, falam por si mesmos em termos de referenciais para o mundo.
Em minha jornada profissional, tenho encontrado pessoas nas mais diversas posições corporativas e nas mais diversas atividades, que são exemplos de comprometimentos com um propósito maior.
Recentemente, escutei de um gestor público, uma fala emocionada em resposta à minha pergunta:
– Qual a sua missão nesse órgão?
Ele me respondeu:
– Contribuir na construção do país que todos desejamos, e não importa onde eu esteja, isso orienta a minha vida.
Felizmente ele não é o único, embora ainda existam bem poucos.
Mas também escutei de um aluno que, quando perguntado sobre a razão pela qual queria ser servidor público, respondeu:
– Eu quero ter estabilidade e segurança.
Interessante, nenhuma menção ao “servir” o público ou a nação.
Comprometimento tem a ver com fazer o que se faz porque aquilo é expressão de uma identidade.
Pessoalmente, sou professor, atuo como tal e todas minhas orientações na vida seguem esse princípio.
Faço o que faço porque sou o que sou, e não há como fazer diferente porque é isso (ser professor) que me move na vida.
Não importa onde, nem o quê, sou e sempre serei professor.
A remuneração é importante?
Certamente, mas não é a primeira coisa que está na orientação de pessoas e times comprometidos.
O que orienta tais pessoas e times é muito mais que dinheiro.
Em geral, encontramos nelas as seguintes características:
1o – Forte crença e aceitação nos valores humanos que sustentam o projeto ou organização;
2o – Atitude aprendiz;
3o – Disposição para aplicar competências, habilidades e atitudes visando garantir os resultados desejados;
4o – Forte sentimento de pertencimento;
5o – Alta intensidade nos relacionamentos, gerando vínculos pessoais e sociais para além dos exigidos pelo projeto ou organização.
Quando esses cinco comportamentos estão presentes e, portanto, passíveis de observação, nota-se uma forte noção de corresponsabilidade e compromisso no time.
Isso produzirá apoio recíproco na equipe, tanto para o enfrentamento de situações desafiadoras, estimulando a aprendizagem e a solução de problemas, como para celebração das vitórias conquistadas.
Inclusive, eu discuto cada um desses pontos com mais profundidade nesse artigo 5 características das equipes de alto desempenho.
Para concluir, pergunte-se (e estenda as seguintes perguntas às suas equipes):
- O que mobiliza você a fazer o que faz?
- O que está por trás de suas escolhas profissionais, relacionais e pessoais?
- Como você reage ao seguinte desafio:
“Não pergunte o que seu país pode fazer por você, pergunte-se o que você está fazendo pelo seu país”? (frase de John F. Kennedy)
Isso faz toda a diferença na hora de compor, com os demais, um time de alta performance.
CONVERSAS NUTRITIVAS ACONTECENDO EM UMA ORGANIZAÇÃO PÚBLICA:
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